No meu primeiro ano do curso de Magistério, em uma das disciplinas (a qual agora eu não lembro qual) foi nos solicitado que lêssemos o livro "Ofício de Mestre" de Miguel Arroyo. Foi a leitura deste livro, juntamente com o "Pedagogia da Autonomia" de Paulo Freire que me fizeram amar a docência. Através da leitura destas duas obras pude perceber que a educação é uma das formas mais eficientes de transformação da sociedade. Fiquei maravilhada com as leituras destas obras, que destacam a importância fundamental que um professor crítico e consciente de seu papel pode ter na construção de uma sociedade mais justa, humana e igualitária.
Porém, fico extremamente chateada ao perceber que nem todas as minhas colegas pensam desta forma. Alienadas sobre política e economia, ou simplesmente desanimadas com as perspectivas de futuro da nossa sociedade, escondem-se atrás do perfil de "Professorinha Helena". Limitam a sua prática pedagógica à sala de aula, não participam dos sindicatos, dos movimentos sociais, etc. por acreditarem que seu dever é somente ensinar a ler, escrever e as quatro operações básicas.
No capítulo do livro de Miguel Arroyo ele fala sobre a imagem do professor"
"Os olhares sobre as professoras e os professores de educação primária e fundamental têm destacado por décadas as mesmas imagens: tradicionais, despreparados, desmotivados, ineficientes... e por aí vai. (...) As análises mais progressistas, até de lideranças, ás vezes destacam outras tonalidades nesse velho e desfigurado quadro: despolitizados, alienados, sem consciência de classe, sem compromisso político, desmobilizados. (...)" ARROYO, Miguel. Ofício de Mestre. p. 203
Vejo muito esta imagem de professor entre os/as colegas que convivi e ainda convivo. Um professor sem consciência social e política, a meu ver, é um meio professor. Não pode se considerar um professor completo. Um professor que se abstém das lutas de sua categoria ou que ignora a política, não está fazendo seu trabalho de forma efetiva.
Deixemos de ser "Professorinhas Helenas", com uma imagem meiga e dócil e passemos a ser professores e professoras conscientes de seu papel transformador para a sociedade!
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