Ao desenvolver sua teoria psicanalítica Freud descobriu que ocorria um fenômeno muito interessante entre o analista e o analisando: o fenômeno da transferência. A transferência ocorre quando o sujeito analisado envolve o analista em seu processo de análise. O sujeito passa a ver no seu analista o retorno de algumas figuras importantes de sua infância ou do seu passado e, consequentemente, a ele transfere sentimentos e reações que sem duvida se aplicavam aquelas pessoas.
Porem o fenômeno da transferência não ocorre somente em sala de aula, pode ocorrer em qualquer ambiente, incluindo a sala de aula. E bastante comum que alguns alunos transfiram no professor o sentimento que tem pelas mães, avos, dindas etc, muitas vezes acabam chamando a professora por algum destes nomes. (comigo já aconteceu diversas vezes.)
No ano de 2012 tive uma turma de Jardim 2 (faixa etária de cinco a seis anos) e era uma turma bem difícil. Havia um aluno, em especial, que era o mais difícil de todos: tinha acessos de fúria, agredia aos colegas, quebrava as coisas na sala (jogava cadeiras, brinquedos e etc.) e muitas vezes acabou me agredindo fisicamente.
Ele era um menino criado pelos avos, visto que a mãe havia perdido a guarda dele e doas outros três irmãos. A mãe havia casado de novo e constituído nova família e o menino tinha contato com eles.
Apos muita conversa, muito colo, muito dialogo, compreendi que a revolta daquele menino era o fato de os irmãos da nova família dele morarem com a mãe e ele não.
Mas o que me chamou mais a atenção nesta historia foi o fato de ele transferir a mim todo o sentimento de revolta que tinha em relação a mãe. Em seus ataques de fúria, quando eu tentava o acalmar ele gritava:
- Eu não acredito em ti! Tu e ruim, mentirosa! Tu mente para mim!
Ao estudar o fenômeno da transferência lembrei deste aluno que, pra mim, foi o exemplo mais real (e difícil) de transferência.
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