domingo, 25 de junho de 2017

Escolas X Presídios

“Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”

Esta frase foi dita por Darcy Ribeiro em uma conferência no ano de 1982.

Porém, parece que nossos governantes não ouviram (ou fingem que não ouviram) o antropólogo Darcy Ribeiro, pois estas foram as manchetes publicadas no jornal Zero Hora  ainda neste mês:


Segundo pesquisa realizada pelo jornal Estado de Minas, o inchaço do sistema carcerário brasileiro seria evitado com melhorias no ensino pois no Brasil, presos custam 13 vezes mais que estudante.

 Porém o que assistimos é cada vez mais a sucateamento da educação e o clamor da população por segurança e justiça. Como se estas coisas não fossem intimamente ligadas e dependentes umas das outras.

Não quero de forma nenhuma ser pessimista ou negativa em relação aos rumos que a educação tem tomado em todas as esferas (municipal, estadual e federal), mas é inegável que estamos vivendo um grande período de retrocessos.

Cabe a nós, educadores, nos conscientizarmos do tamanho da importância no nosso trabalho e continuarmos empenhados, diante das adversidades.

Como costumo dizer aos meus alunos do Ensino Médio:

Os governantes morrem de medo dos professores, pois a educação é a única forma de acabar com os maus políticos.

A "crise" na educação brasileira.


No ano de 1977, ou seja, há 40a os atrás o antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro assim definia a crise da educação no Brasil: como um projeto.

Na minha interpretação, este projeto parte das elites políticas mal intencionadas, que vislumbram na ignorância da população a possibilidade de continuarem a se beneficiar.

 

Este vídeo (o qual não consegui encontrar a data em que foi feito), que traz um pequeno trecho de uma fala do ex governador Leonel Brizola  que vai de encontro à frase de Darcy Ribeiro.

Analisando as últimas 4 décadas, podemos dizer que a educação teve grandes avanços no Brasil. Porém, não foram suficientes. E nos últimos tempos (na verdade, nos últimos dois anos) estamos assistindo há uma série de retrocessos nas políticas públicas voltadas para a educação no nosso país e no nosso Estado.

E on pior: estamos assistindo de braços cruzados a todos estes retrocessos...

É muito triste que uma frase dita por um escritor há 40 anos atrás sobre educação ainda faça tanto sentido...

Ser professora

Neste fim de semana eu estava conversando com um amigo sobre tatuagens. Ele, como eu, acredita que uma tatuagem deve ter um significado especial para a pessoa, afinal é algo que ficará marcado na pele para o resto da vida. Por isso, este meu amigo disse que não fez nenhuma tatuagem, pois ainda não encontrou um motivo para marcar em sua pele.

Eu tenho uma pequena tatuagem no braço, que é ligada a minha infância, em especial a minha avó paterna.

Expliquei ao meu amigo que pretendo fazer uma nova tatuagem no ombro, que será o desenho de uma coruja (símbolo da educação) com uma estrela ao fundo, iluminando um céu escuro (remetendo ao anel símbolo da pedagogia, que é um estrela em cima de uma pedra preta, significando a luz do conhecimento sobre a escuridão da ignorância).

Ao saber o significado da minha futura nova tatuagem, meu amigo, espantado, comentou:

- Nossa, tu gosta mesmo da tua profissão, né? Eu gosto muito da minha, mas não tatuaria nada referente a ela.

Naquele momento parei para refletir o quanto a minha profissão faz parte de mim. Eu não sou professora só as 40 horas que trabalho durante a semana. Ser professora não me define só como profissional, me define enquanto pessoa. Por isso a vontade de marcar minha profissão na pele, em uma tatuagem.

Ser professora é a maneira que encontrei de transformar o mundo. De melhorá-lo. Ser professora é tão característica minha como a cor dos meus olhos, meu temperamento ou qualquer outra característica.

Se me fosse proibido lecionar, não sei que outra profissão eu teria, pois o ambiente escolar pra mim é tão natural... Como a água é para os peixes ou o ar para as aves...