domingo, 5 de agosto de 2018

Planejamento Burocrático

Já fiz um post neste blog relatando que realizei um encontro com minhas ex colegas do curso de Magistério em que estava presentes dois professores que nos deram aula, dentre eles a minha supervisora de estágio.

Para este encontro, combinei com minhas ex colegas de levarmos fotos, camiseta da formatura, etc. e outros objetos para nos servirem de recordação.

Eu levei o meu diário de estágio supervisionado. Nele continha o planejamento diário das aulas, a separação quinzenal de objetivos e conteúdos. Os planejamentos à parte das atividades envolvendo educação física. Tudo muito organizado e decorado com adesivos coloridos.

Quando li o texto "Planejamento: em busca de caminhos" de Maria Bernadette Castro Rodrigues lembrei na mesma hora do meu diário, principalmente neste trecho:

"Por sua vez, as alunas do magistério preparavam-se para de­sempenhar a mesma prática. Nos exercícios de sala de aula, como professora, observava o empenho das alunas para elaboração dos seus planos. Atendiam às regras estabelecidas, ficavam trocando ideias na escolha de verbos mais apropriados para formulação dos objetivos, gerais e específicos, jamais esqueciam a frase determi­nante: "o desempenho do aluno deverá ser capaz de...". Seguiam listando os conteúdos (baseavam-se nas famosas listas de conteú­dos mínimos) e recursos (sem esquecer giz, apagador e todas as miudezas necessárias). Apontavam os procedimentos a serem adotados, através dos quais era sempre possível identificar o de "aula expositiva dialogada e de trabalho em grupo", e, por fim, como se fosse mesmo o fim, estava a avaliação encabeçada pela seguinte frase "o aluno será considerado satisfatório se...""

O meu diário de estágio supervisionado atende a todos os requisitos descritos pela autora no texto. Era rígido extremamente burocrático. Porém obedecia às exigências da época e me permitiu passar pelo estágio com nota 96.

Hoje eu faço meu planejamento no meu diário, porém estou livre destas burocracias. Como costumo dizer, escrevo no meu diário para mim mesma, então a escrita deve servir para que eu registre o planejamento, logo não necessita de linguagem rebuscada nem de burocracia excessiva.

Ah! Que liberdade!!!!

 

Escola Democrática

Em uma das aulas da interdisciplina de Seminário Integrador fomos convidadas a refletir sobre este vídeo, chamado "Escola Democrática".


Apesar de curto, o vídeo traz elementos muito bons para discutirmos o que é de fato uma escola democrática. Obviamente, a do vídeo não é nem um pouco democrática. E o que é mais triste: a maioria das escolas que conheço são iguais às do vídeo. E não vou me eximir da culpa de algumas vezes ser colaboradora para que a escola não seja democrática. Todo ser humano erra, já errei. O importante é que já revi minha postura e me modifiquei.

Um dos momentos que mais me chamou a atenção no vídeo e que me identifiquei bastante, é quando a professora está ensinando como desenhar uma borboleta e a aluna se distrai olhando uma borboleta pela janela. A professora, então chama a atenção da aluna para dentro da sala de aula novamente.

Esta cena me lembrou uma turma em que eu dava aula, cuja sala não tinha cortinas e as janelas davam para o pátio da escola. Algumas vezes os alunos que sentavam próximos à janela fixavam seu olhar no pátio e não "prestavam atenção" na aula.

Isso me deixava furiosa e eu pensava: "preciso de cortinas nestas janelas para que os alunos parem de ficar olhando o pátio e prestem a atenção na minha aula". Como a escola tinha a verba curta (como a maioria das escolas públicas), a minha sonhada cortina nunca era comprada.

Até o dia em que eu pensei o quanto minha ideia estava errada. Se os alunos não "prestavam atenção" na minha aula, não era culpa da janela, nem do pátio e nem da falta de cortina. Era a minha total falta de humildade em rever as minhas práticas, a minha metodologia para que a sala de aula se tornasse tão ou mais interessante que o pátio.

Comecei a levar os alunos para o pátio durante algumas aulas. No inverno para sentarmos no sol quentinho. No verão, para realizarmos atividades de pintura com tinta.

Parei de tentar competir com o pátio (até porque sempre perdia para ele). Virei sua amiga. E as aulas melhoraram.

O trabalho da pedagoga na Educação Infantil

"O trabalho da pedagoga é fácil. É só brincar com as crianças."

"A professora de educação infantil só dá folhinha pra pintar e brinca de rodinha."

"A professora de Educação Infantil só troca fralda."

Que pedagoga (ou futura pedagoga) nunca ouviu uma frase deste tipo. E não ficou com muita raiva ao ouvir?

Na interdisciplina de Linguagem e Educação foram disponibilizados alguns vídeos para que fossem realizadas algumas tarefas:




Que enorme vontade me deu de passar estes vídeos em rede nacional no horário nobre para fazer com que as pessoas tivessem o mínimo de conhecimento sobre a importância e as dificuldades do trabalhos das professoras de Educação Infantil.

A rodinha, a historinha, as brincadeiras, enfim, todas as atividades realizadas na educação infantil são super importantes para o desenvolvimento das crianças. E as pessoas precisam saber disso, ou continuaremos sendo chamas de "pedagossauras", "pedabobas", "pedagojentas" ou "magistéricas".

Meu Estágio e TCC

O fim do sétimo semestre se aproxima. Na verdade este semestre já terminou para minhas colegas que conseguiram concluir todas as atividades dentro dos prazos, porém para mim este semestre ainda não terminou pois estou em recuperação. :(

Enfim, mas isso não me impediu de pensar no meu estágio e no meu TCC. E, é claro, não me impediu de ficar nervosa e ansiosa com ambos.

Porém em uma das aulas de Seminário Integrador tive uma pequena faísca que depois que conversei com minha psicóloga acabou de tornando uma pequena chama do que pode vir a ser uma luz sobre o tema do meu estágio e TCC.

Na aula de Seminário Integrador, a professora Cíntia nos recomendou a escolher um tema de TCC que tivesse relação com nossa história de vida, de como vemos a educação. Ela citou o exemplo de uma estudante que realizou seu estágio com jovens da FASE que estavam privados de sua liberdade. Contou que o pai desta estudante foi conselheiro tutelar e que isso influenciou a escolha do tema por ela. Neste momento surgiu a faísca.

Em minha sessão de psicanálise, conversava com minha psicóloga o porquê da minha escolha pela carreira do magistério bem como do meu sofrimento quando tenho alunos com dificuldade de aprender ou que se encontram em situação de miséria e vulnerabilidade social (na verdade estas duas coisas sempre acontecem ao mesmo tempo).

Depois de muita conversa e um pouco de choro, constatei algo que era muito óbvio mas que somente em uma sessão de psicoterapia poderia ficar claro. (Bendita psicoterapia!!!)

Quando recebo um aluno com dificuldade de aprendizagem, fruto de um lar desestruturado e/ou em  vulnerabilidade social eu me vejo nele. Eu vejo a Núbia criança que já passou por um pouco de cada uma destas coisas e tento resgatá-la. Por isso sofro com meus alunos. Por isso não deixo a carreira do magistério, por mais dificuldades que ela me impõe. Neste momento surgiu a pequena chama.

Concluo, portanto, que é por este caminho que seguirei meu estágio e TCC. Claro, preciso lapidar e delinear muito mais este tema. Mas a chama já está acesa.


Para que serve a avaliação?

Para que serve?

Como utilizar?

Quando utilizar?

De que maneira utilizar?

Quais as melhores ferramentas para utiliza-las?

Estas parecem perguntas fáceis e ingênuas, mas que deveriam ser feitas rotineiramente pelos professores para que não haja perigo de cairmos em algumas armadilhas, tais como:

Avaliar para punir: muitas vezes (para não dizer que em 90% do tempo)  dar aula não é uma tarefa fácil. Alguns alunos acabam com a paciência do professor. E este corre o perigo de cair na armadilha de realizar uma avaliação "punitiva" a fim de "vingar-se" dos maus momentos que passou com determinado(s) aluno.



Avaliar para medir: Tentar "medir" ou "quantificar" a aprendizagem do aluno e reduzir toda a sua caminhada a meros números não é uma função da avaliação.

Avaliar para classificar: Usar a avaliação para classificar alunos que "aprenderam e não aprenderam" ou, pior, "que são bons e ruins" tão pouco é função da avaliação.

A avaliação, a meu ver, é uma ferramenta que serve para ambos lados: alunos e professores. É uma maneira de perceber o que o aluno ainda tem dificuldade, bem como o que o professor pode rever em sua metodologia para auxiliar este aluno.

A avaliação deve usar o aluno como próprio parâmetro para ser avaliado. Deve se dar de maneira contínua e gradual, de preferência diária para avaliar não só o "topo da montanha", mas sim toda a caminhada para chegar nele.


Minha Escola Espacial ou Minha Escola Ideal

Em uma das atividades da interdisciplina de Didática, Planejamento  e Avaliação fomos desafiadas a criar uma nova escola que seria instalada por extraterrestres  em seu planeta.

Analisando as dificuldades atuais das escolas no meu planeta, criei a seguinte escola para os extraterrestres:

"Escola Espacial

A minha nova escola espacial estaria totalmente integrada com a comunidade em que estaria inserida e a participação das famílias seria efetiva. Aliás, esta escola teria uma visão atualizada de família, deixando de lado a visão da família tradicional composta por mãe, pai e filhos. Esta escola respeitaria as novas composições familiares.

Também seria uma escola que trataria das questões de gênero no seu dia a dia. Falaria sobre machismo, violência doméstica, empoderamento feminino, homossexualidade, entre outros assuntos que as atuais escolas ignoram.

Esta escola também colocaria em prática a lei 10.639 que versa sobre a inclusão da história da África e a cultura afro-brasileira no seu dia a dia, não somente no mês de novembro.

A minha escola também teria em seu cerne o respeito às diferenças de todas as formas bem como seria um espaço acolhedor."



Ao  criar esta escola, tentei colocar nela coisas que eu acredito que sejam fundamentais na construção de uma sociedade mais justa, humana e igualitária. 

Vivemos em um país onde a violência doméstica é rotina em muitas famílias e os índices de feminicídio (assassinato de uma mulher cometido por razões da condição de sexo feminino, quando o crime envolve violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher) são muito altos (4,8 para 100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde - OMS).

Juntamente com isso, a homofobia (rejeição ou aversão a homossexual e à homossexualidade) cresce em números alarmantes. Segundo um levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) , somente em 2017, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) foram mortos em crimes motivados por homofobia. O número representa uma vítima a cada 19 horas.

A escola não pode se omitir diante destes fatos e destes números. Na minha escola espacial (ou escola ideal) temas como machismo, homofobia, intolerância religiosa e racismo seriam assuntos recorrentes para serem tratados em sala de aula

Minha experiência de EJA

Já tive uma breve experiência na Educação de Jovens e Adultos durante um dos estágios da minha graduação na licenciatura do curso de História na PUCRS. Lembro que não foi uma experiência fácil.

Era uma turma de anos finais do Ensino Fundamental e lembro claramente que estava literalmente dividida em duas partes: na parte mais a frente da sala, alunos mais velhos (com média de idade de 40/50 anos) e ao fundo jovens e adolescentes (com média de idade de 16 a 20 anos).

O grupo formado por alunos mais velhos demonstrava bastante interesse na aula, enquanto os mais jovens conversavam mais e faziam piadas e brincadeiras com claro intuito de constranger os professores estagiários. Eu, com mais experiência em sala de aula do que meus colegas de faculdade, conseguia contornar aquelas situações. Mas não era fácil.

Durante a aula era corriqueiro que algum aluno dos grupo formado pelos alunos mais velho se virasse para trás e repreendesse algum aluno do grupo formados pelos alunos mais jovens. Algumas vezes estes momentos tornavam-se discussões acaloradas e era necessário que eu interviesse para "acalmar" os ânimos.

Atualmente leciono para os anos iniciais do Ensino Fundamental, porem ano passado lecionei para o Ensino Médio (minha escola não tem EJA). Porem pude perceber outra coisa em relação ao EJA nesta minha experiência no Ensino Médio.

Era fala comum quando alguém reclamava de algum aluno "difícil" dizer que "se ele rodar este ano, mandamos ele para a EJA e ele sai da nossa escola.

Ou seja, a Educação de Jovens e Adultos também tornou-se o lugar onde "mandamos" os alunos difíceis e desinteressados.

Ao relatar este fato, não estou condenando ninguém que tenha pensado ou falado isso porque, realmente, existem alguns alunos no Ensino Médio os quais não sabemos o que fazer e, num momento de desespero, estas frases e pensamentos podem acontecer sim.

Porém também penso e me angustio ao pensar: "o que será da EJA???"

Mães analfabetas

Neste semestre quando vi que teria a interdisciplina de Educação de Jovens e Adultos o primeiro pensamento que me veio a mente foi a imagem de Paulo Freire. Fiquei tentando imaginá-lo com os operários trabalhadores da construção civil em Brasília sendo alfabetizados.

Em seguida me veio à mente as mães de alunos que conheci e que eram analfabetas. O quanto me doeu quando nas entrevistas no começo do ano letivo ao perguntar a escolaridade delas ver elas baixarem a cabeça e dizerem:

- Eu não sei assinar, não, professora.

Eram mulheres com menos de 30 anos, mas com aparência castigada pelos percalços da vida que pareciam de quase 50. Mulheres da minha faixa etária, humildes e envergonhadas de sua condição de analfabetas. Como se fossem culpadas, como se fossem desleixadas. Quase como se fossem criminosas consigo mesmas.

Trabalhadoras de 40, 44 horas semanais, com três ou mais filhos, muitas vezes até netos, moradoras de periferias distantes dos grandes centros, dependentes de um sistema de transporte público demorado, desconfortável e caro. Seria injusto dizer-lhes que poderiam voltar a estudar se quisessem.

Pensei então que na educação de seus filhos, estas mulheres poderiam se autorrealizar. Que vendo seus filhos lendo e escrevendo, poderiam ficar felizes e ver que este ciclo não se repetiu. E este tem sido meu esforço desde que o ano letivo iniciou.

Ao olhar os filhos destas mulheres, perceber que não convivem em um ambiente alfabetizador em casa, que o único local que lhes proporciona o acesso a livros, a textos, a letras é a escola percebo o quanto a tarefa de alfabetiza-los é ao mesmo tempo nobre e penosa.

Mas é por eles e por suas mães que me esforço, que dou o máximo de mim.

"E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
por não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar"

Música "Gente Humilde" de Chico Buarque de Holanda


sábado, 4 de agosto de 2018

As ferramentas de leitura


“A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de  ler” o mundo particular em que me movia – e até onde não sou traído pela memória -, me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, e re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós – à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores. [...]
Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto se encarnavam no canto dos pássaros – o do sanhaço, o do olha-pro-caminho-quem-vem, o do bem-te-vi, o do sabiá; na dança das copas das árvores sopradas por fortes ventanias que anunciavam tempestades, trovões, relâmpagos; ás águas da chuva brincando de geografia: inventando lagos, ilhas, rios, riachos.
Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto se encarnavam também no assobio do vento, nas nuvens do céu, nas suas cores, nos seus movimentos, na cor das folhagens, na forma das folhas, no cheiro das flores – das rosas, dos jasmins –, no corpo das árvores, na casca dos frutos. Na tonalidade diferente de cores de um mesmo fruto em momentos distintos: o verde da manga-espada verde, o verde da manga-espada inchada; o amarelo-esverdeado da mesma manga amadurecendo, as pintas negras da manga mais além de madura. [...]
A decifração da palavra fluía naturalmente da “leitura” do mundo particular. Não era algo que se estivesse dando superpostamente a ele. Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz.

Paulo Freire
 A importância do ato de ler. 29a. ed. São Paulo: Cortez, 1994, p.12-15.




Ao ler este trecho da obra de Paulo Freire, me remeti automaticamente à minha infância. À sombra da goiabeira do pátio da minha casa eu lia meu mundo até então sem letras: as minhocas na terra, as formigas no chão, as folhas nas panelinhas de plástico misturadas ao barro tornavam-se as comidas das bonecas, as coleções de pedras, as figurinhas de chiclete, ...

Eram as minhas ferramentas para ler o mundo. E eram muito eficazes.

Algum tempo depois ganhei novas ferramentas: as letras. Também eram mágicas, me engrandeciam. Eu podia escrever meu nome, os nomes dos meus pais, as palavras, ...

Mas jamais esqueci das minhas primeiras e mais sensíveis ferramentas de leitura.

Precisamos falar sobre a saúde metal do professores

Os professores estão mal. Mal financeiramente, mal de saúde física e, principalmente, mal de saúde mental. E eu me incluo neste grupo.


Este ano fui tomada pela depressão, novamente. Um enorme desânimo que começou de leve, me impedindo de tarefas relacionadas ao lazer, depois ao trabalho, ao estudo, ... Por fim me impedindo de toda e qualquer tarefa, desde escovar os dentes, me alimentar, lavar os cabelos, etc. ...

Obviamente que isto me prejudicou em vários aspectos: entrei em licença médica e como minha turma não foi atendida durante a minha licença terei que trabalhar até janeiro. Atrasei todas as atividades do PEAD e aqui estou correndo contra o tempo tentando colocar tudo em dia.

Porém na área da educação não sou um caso isolado: o número de professores acometidos pela depressão somente cresce assustadoramente cada vez mais.

O conselho que eu dou para os professores em depressão é: cuide de você mesmo. Você não salvará aquele aluno que precisa, não ajudará aquela turma que tem dificuldade, não realizará um bom trabalho se você mesmo não estiver bem.

Não tente abraçar o mundo, você não conseguirá fazer isso sozinho.

Tire um tempo pra você. Tome um café com um amigo uma vez por semana. Veja um filme engraçado. Se presenteie (mesmo que com uma coisa do R$: 1,99). Priorize a sua família. Cuide-se.

A paternidade opcional

Neste ano tive a oportunidade de, no começo do ano letivo, entrevistar as famílias dos meus alunos de primeiro ano do Ensino Fundamental a fim de conhecer melhor cada aluno e sua realidade.

Ao término das entrevistas tirei várias conclusões, dentre elas a de que a paternidade em nossa sociedade é algo totalmente opcional.



A maioria dos alunos não convivia com seus pais biológicos. Alguns nem mesmo pagavam pensão alimentícia. Algumas nem foram registradas por eles.

Frutos de uma cultura machista que permite aos homens a escolha da paternidade, enquanto mulheres são obrigadas a serem mães compulsoriamente haja vista a proibição do aborto no Brasil, estas crianças já nascem rejeitadas por quem deveria amá-las e protege-las.

A escola não pode se omitir diante desta triste realidade. Deve compreender e acolher este aluno, bem como trabalhar em sala de aula o machismo, evitando assim a perpetuação deste tipo realidade.


Para que(m) serve o teu conhecimento?

Inicio esta postagem com uma frase de Paulo Freire:

“Não existe imparcialidade. Todos são orientados por uma base ideológica. A questão é: sua base ideológica é inclusiva ou excludente?” (Paulo Freire)

O que fica muito claro para mim ao ler esta frase é: não existe neutralidade ou imparcialidade em nenhuma ação humana, muito menos na ação de educar.

O planejamento é essencial para a ação educativa e como esta não é neutra ou imparcial, faz-se necessário que o professor enquanto planeja faça algumas reflexões, como destaca Maria Bernadette Castro Rodrigues:

"Tal reflexão deveria estender-se ao grupo de professores de uma instituição, a discussão conjunta promoveria a explicitação das concepções que permeiam a prática do estabelecimento, podendo a este exercício incluir-se algumas perguntas orientadoras: como vem sendo organizado o planejamento na escola? Para que se planeja? Para quem? E ainda: quais são as relações de classe, etnia, gênero, que fazem com que o currículo seja o que é e que se produza os efeitos que produz? " 

 Acredito que antes de realizar qualquer tipo de planejamento o corpo docente das escolas devem fazer o seguinte questionamentos a si mesmos:

Para que (quem) queremos que os alunos aprendam determinados conteúdos? Que tipo de cidadãos queremos formar? Que tipo de sociedade vislumbramos para o futuro? Como faremos para alcançá-la com nossas práticas pedagógicas?

Se o professor não for crítico, tão pouco seu aluno será.

BNCC e a alfabetização

A nova Base Nacional Curricular Comum já foi aprovada sem consultar profissionais de educação e alunos. Eu chamo esta nova base de "Base Nacional do Fim do Mundo" pois para mim é mais um ataque que o golpe de 2016, que levou ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, vem dando à educação pública no Brasil.

Esta reforma empobrece o ensino retirando do currículo escolar disciplinas tais como História, Geografia, Sociologia, Filosofia entre outras.


No que tange aos anos inicias, a diminuição de 2 para 3 anos para o fim do ciclo de alfabetização em nada melhora o ensino.

Os alunos das escolas públicas brasileiras continuarão chegando às carteiras escolares sem nenhum pré requisito, pois a maioria não frequentou a Educação Infantil. São alunos que não tem sua motricidade desenvolvida, não escrevem o nome, não diferenciam números, letras e símbolos. Enfim. São alunos que não estão preparados, por exemplo, para utilizar os livros didáticos oferecidos pelos MEC que iniciam suas primeiras páginas já com textos relativamente grandes, partindo da premissa de que o aluno já teve uma experiência de letramento anterior à escola.

A educação brasileira não necessita de novas leis, mas sim de investimento. Não se muda a realidade da educação no Brasil com "canetaços", mas sim com investimentos efetivos. Mas esta é a última coisa que este governo golpista que aprovou 20 anos sem investimentos em educação pretende fazer.

Acredito que enquanto não houver um forte investimento na educação infantil e na valorização de professores, nada irá mudar. Pelo contrário, só irá piorar. Prova disso é a aprovação desta nova Base Nacional Curricular Comum que empobrece ainda mais a educação pública.

As escolas públicas terão poucas disciplinas para serem ofertadas, serão somente as que estão na base. Enquanto as escolas particulares poderão complementar estas disciplinas básicas, enriquecendo seus currículos. Os abismos entre o ensino das escolas públicas e particulares será ainda maior do que já é.


O Brasil precisa dizer não a mais esta manobra golpista contra a educação pública brasileira!