segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A importância dos jogos

Querer que crianças de sete ou oito anos passem uma manhã ou uma tarde toda sentados em suas classes copiando ou colorindo uma folha é um grande pecado. Nem um adulto consegue, quem dirá uma criança.

Para tornar uma aula dinâmica e divertida, nada melhor que a utilização de jogos. Estes jogos podem ser com a turma toda ou em pequenos grupos.

Algumas vezes os pais não entendem muito bem e querem ver "cadernos cheios" e tem medo de que as crianças passem a aula somente "brincando".

É necessário um diálogo com os pais, passando-lhes segurança sobre a eficácia dos jogos na alfabetização.

Na minha aula costumo dividir o tempo: metade da aula com jogos e metade com outro tipo de atividades (no caderno ou me folhas) para registro do que foi visto nos jogos.

A grande dificuldade que sinto é a falta de tempo para confeccionar os jogos, visto a rotina corrida de professora.


Infâncias Étnico-Raciais

Com a lei 10.639, que versa a inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" as editoras lançaram diversos livros sobre esta temática.

A literatura sobre o tema é bastante diversa, porém o professor deve escolher com cuidado o livro que pretende utilizar.

O texto "A diferença étnico-racial em livros brasileiros para crianças: análise de três tendências contemporâneas" nos dá dicas bem importantes, para que se priorize histórias que não tratem a diferença como algo exótico ou descontextualizado.

Acredito que falar de diversidade não pode ser uma coisa isolada dos outros conteúdos. Deve ser um trabalho diário e contínuo. Todos os alunos, independente de seu pertencimento étnico-racial deve se identificar com os cartazes da sala, personagens de histórias e etc.


segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O que é Infância na Pós Modernidade

A infância, na Pós Modernidade, pode ser caracterizada pela participação no mercado de consumo, seja através da mão de obra (trabalho infantil nos países menos desenvolvidos) ou como sendo consumidora, haja visto que há um mercado gigantesco de produtos para crianças (brinquedos, roupas, alimentos, etc.). 
Há uma tentativa de globalização da infância, visto quer todas as crianças consomem os mesmos produtos, porem de maneira desigual visto que, dependendo da classe social em que se encontra pode consumir em maior ou menos quantidade
Todavia esta tentativa de se criar uma definição única de infância não se concretiza, visto que cada criança consome de forma simbólica, de acordo com a sua realidade. Deve-se levar em consideração quem é, onde vive, como vive, enfim, a realidade de cada criança.

Podemos compreender, portanto, que existem diferentes tipos de infância levando em consideração um olhar interdisciplinar das esferas infantis, recortando aspectos sociais, étnicos e de gênero. 
Não podemos dizer que todas as crianças das fotos abaixo, por exemplo, vivem ma mesma infância da mesma forma.


O que pode caracterizar de forma única as múltiplas infâncias é o fato de manter-se como categoria social com características próprias. Ou seja, por mais diversas as faces que a criança possa ter, ela sempre será criança em relação ao mundo dos adultos pois não dispõe de capacidade jurídica de decisão, sempre necessitara de proteção advinda do poder paternal.
A escola, todavia, deve estar aberta à multiplicidade de infâncias, de modo a não se tornar um ambiente excludente e segregador ao que possa parecer estar fora do que se considera "normal". Há de se ter em vista que cada criança vive sua infância de maneira única, não há um padrão normal. Sinto que a escola (e quando digo escola, me incluo neste substantivo) tem um longo caminho de mudanças a percorrer.

Fatores que interferem na alfabetização

Na disciplina de Fundamentos da Alfabetização estudamos que são muitos os fatores que interferem na alfabetização de uma criança, tais como:


  • Aspectos sociológicos 
  • Aspectos funcionais 
  • Aspectos estruturais 
  • Aspectos neuronais 
  • Aspectos psicogenéticos 
  • Prazer, atenção e motivação 
  • Organização da classe
O aspecto sociológico me chamou bastante a atenção, pois uma criança que não convive num ambiente alfabetizador desde cedo terá bastante dificuldade em alfabetizar-se depois.


Podemos considerar um ambiente alfabetizador uma criança que não frequentou a Educação Infantil e que não convive em casa com adultos leitores e que não tem acesso à cultura escrita (livros de histórias infantis ou de jogos e atividades).

Este tipo de realidade é encontrada, em grande parte, nas camadas mais pobres da sociedade.




Outro fatos que eu, pessoalmente, posso acrescentar, é a baixo auto estima que, muitas vezes, algumas crianças podem ter, em especial as mais pobres. Uma criança que não acredita que pode aprender, dificilmente aprenderá.

Trabalhei em um escola de um bairro de periferia bastante estigmatizado e as crianças tinham uma baixo auto-estima muito notável. Consideravam-se "burras" e "vileiras" como elas mesmas diziam. Foi um trabalho difícil convencê-las do contrário.

E foi nítido perceber o quanto a auto-estima é importante no processo de aprendizagem.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O fenômeno psicanalítico da Transferência na Educação

Ao desenvolver sua teoria psicanalítica Freud descobriu que ocorria um fenômeno muito interessante entre o analista e o analisando: o fenômeno da transferência. A transferência ocorre quando o sujeito analisado envolve o analista em seu processo de análise. O sujeito passa a ver no seu analista o retorno de algumas figuras importantes de sua infância ou do seu passado e, consequentemente, a ele transfere sentimentos e reações que sem duvida se aplicavam aquelas pessoas.

Porem o fenômeno da transferência não ocorre somente em sala de aula, pode ocorrer em qualquer ambiente, incluindo a sala de aula. E bastante comum que alguns alunos transfiram no professor o sentimento que tem pelas mães, avos, dindas etc, muitas vezes acabam chamando a professora por algum destes nomes. (comigo já aconteceu diversas vezes.)



No ano de 2012 tive uma turma de Jardim 2 (faixa etária de cinco a seis anos) e era uma turma bem difícil. Havia um aluno, em especial, que era o mais difícil de todos: tinha acessos de fúria, agredia aos colegas, quebrava as coisas na sala (jogava cadeiras, brinquedos e etc.) e muitas vezes acabou me agredindo fisicamente.

Ele era um menino criado pelos avos, visto que a mãe havia perdido a guarda dele e doas outros três irmãos. A mãe havia casado de novo e constituído nova família e o menino tinha contato com eles.

Apos muita conversa, muito colo, muito dialogo, compreendi que a revolta daquele menino era o fato de os irmãos da nova família dele morarem com a mãe e ele não.

Mas o que me chamou mais a atenção nesta historia foi o fato de ele transferir a mim todo o sentimento de revolta que tinha em relação a mãe. Em seus ataques de fúria, quando eu tentava o acalmar ele gritava:

- Eu não acredito em ti! Tu e ruim, mentirosa! Tu mente para mim!

Ao estudar o fenômeno da transferência lembrei deste aluno que, pra mim, foi o exemplo mais real (e difícil) de transferência.

Rosa é de menina e Azul é de menino

Quantas vezes não ouvimos esta premissa? Vivemos numa sociedade que quer definir os locais para cada gênero, como se houvesse lugares e hábitos próprios para o masculino e para o feminino.

Tenho um aluno da Educação Infantil que se identifica somente por brinquedos "de menina", ou seja, ele é um menino que identifica-se com o gênero feminino. Para ele é um grande sofrimento quando o colocam na "fila dos meninos" ou lhe dão um brinquedo "de menino".

No começo fiquei assustada. Não pelo fato de ele se identificar com brinquedos de um gênero diferente do seu sexo (embora acredite que os órgãos genitais de uma pessoa em nada tem haver com o gênero que ela se identifica e muito menos com sua orientação sexual). O meu medo foi: como lidar com ele e com a turma? Como lidar com os pais dele? E com os pais dos outros alunos?


Minha primeira atitude foi trabalhar com a turma, reforçando que não existem brinquedos, cores, lugares e brincadeiras de menino e de menina. Que todos deveriam brincar com o que quisessem.

Notei que as meninas começaram a explorar mais os jogos de encaixe e os carrinhos. Os meninos, de uma maneira mais tímida, ficaram mais à vontade para brincar com as bonecas Barbie e Polly. Também se escondiam no canto da sala para experimentar as maquiagens. Logo aquela curiosidade cessou e todos voltaram para os "brinquedos de seu gênero", mas algumas vezes trocam estes brinquedos de maneira natural e espontânea.


Houve o caso de um aluno que foi flagrado pela sua mãe brincando de escolinha com as bonecas e mamadeiras na escola. Ele me relatou que, em casa, a mãe disse que o visse brincando de bonecas novamente na escola ele iria apanhar.

Um outro colega, ao ouvir o relato, resolveu a questão dizendo:

- Faz assim, ó, Brinca de boneca só até a hora do lanche, porque a tua mãe só vem te buscar depois do lanche. Depois da hora do lanche tu brinca de outra coisa.

Depois desta combinação entre as crianças, a questão se resolveu.

A questão de gênero ainda é tabu nas escolas. E, pasme, não só por causa das famílias, mas muitas colegas professoras tem enorme dificuldade em entender o que é orientação sexual e gênero. Não foram raras as vezes em que alguma colega se referiu com ar de deboche ou desdém ao aluno que referi no começo do texto, dizendo que a culpa de ele ser "assim" era da mãe dele que queria uma menina.

Assim como várias outras questões que permeiam a educação, que estão presentes ou não nos temas transversais, tem que ser trabalhadas nas escolas de maneira livre e espontânea, abandonando antigos tabus e preconceitos.


terça-feira, 17 de novembro de 2015

A questão racial na escola

Uma professora que está engajada na luta pela construção de uma sociedade mais juta, humana e igualitária tem por dever trabalhar a diversidade étnica do Brasil, valorizando a diversidade e incentivando o respeito a todos.

Porém, enquanto professora branca, tenho bastante dúvidas. Estaria eu abordando o tema corretamente?

Sempre considerei todos os livros e filmes sobre a temática da diversidade fossem bons, porém ao ler o texto  A diferença étnico-racial em livros brasileiros para crianças: análise de três tendências. contemporâneas percebi as diversas abordagens que este tema pode ter e pude selecionar as que achei mais interessantes.

Aproveito a oportunidade para compartilhar de um projeto que realizei em uma escola de Educação Infantil em Esteio chamado "A Boneca Negra Viajante" para que minhas colegas, tutoras e professoras possam opinar a respeito.

PROJETO A BONECA NEGRA VIAJANTE


Com intuito de oferecer subsídios e ferramentas de trabalho para que as professoras da EMEI PedacinhoComo metodologia, foi disponibilizada para a escola uma boneca negra de pano de aproximadamente um metro. Esta boneca negra não tinha rosto, cabelos ou roupas, era apenas uma boneca de pano simples. A boneca, então, passou por todas as turmas, a começar, pelo Berçário 1 até chegar ao Jardim 2B. Cada turma ficou com a boneca pelo período de uma semana.
Cada turma que receber a boneca deu-lhe um acessório para a sua caracterização como sambista (uma peça de roupa, os cabelos, sapatos ou demais acessórios) e também ficou responsável por lhe atribuir uma caraterística pessoal (nome, idade, comida preferida, etc.)
Partindo da rotina da educação infantil, onde a “rodinha” é de suma importância na rotina escolar, é um momento onde todos podem falar e serem ouvidos pensou-se na fusão destes dois momentos: a roda de samba e a rodinha escolar. Na roda pode ser apresentada e/ou confeccionados instrumentos musicais do samba, bem como demais componentes da cultura oriunda da população negra como a culinária, lendas e etc.
As atividades realizadas com a boneca ficaram a critério da criatividade das professoras de cada turma, observando os objetivos propostos pelo presente projeto.
Na turma de Maternal I a boneca ganhou um nome: Bianca Beatriz. A turma ainda presenteou a boneca com uma calcinha.
No Maternal II a boneca ganhou as orelhas e nariz. Foi realizada uma festa de aniversário para Bianca Beatriz onde ela recebeu muitos presentes (roupas, mochila, calçados e até mesmo uma banheira para que tomasse banho). A boneca passeou com a turma, foi ao refeitório lanchar e sempre dormia com uma das crianças, na hora do sono.
No Jardim I a boneca fez um bolo de chocolate com as crianças, bem como participou ativamente das atividades da rotina da turma.
Ao chegar no Jardim II, Bianca Beatriz já tinha olhos, cabelos e um álbum com fotos de sua família, que as crianças recortaram de revistas. No Jardim II, Bianca Beatriz mostrou aos alunos um instrumento musical chamado cavaquinho. Os alunos manusearam o instrumento trazido pela boneca e fizeram cavaquinhos de sucata. A boneca também mostrou a música “Sorriso Aberto” de Jovelina Pérola Negra. Os alunos gostaram bastante da música e foi feito um clipe com os alunos dançando a música junto com a Bianca Beatriz.
A culminância do projeto se deu através da exposição dos trabalhos realizados e da boneca Bianca Beatriz na Semana da Consciência Negra da escola e no saguão da Prefeitura Municipal de Esteio.
Todas as professoras trabalharam de maneira criativa e interessada no projeto e o resultado foi maravilhoso: lindos trabalhos e os alunos felizes com as novas descobertas e aprendizagens.

  do Céu colocassem em prática a Lei Federal 10.639 de 09 de janeiro de 2003, que torna obrigatório o ensino da história e da cultura da África, bem como a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, (BRASIL, 2003) foi elaborado um projeto com a utilização de uma boneca negra de pano.
Este projeto também visou a construção de uma identidade pessoal positiva pelos alunos negros da escola, bem como a construção de relações de respeito e igualdade entre os alunos negros e não negros.

O principal objetivo deste projeto foi conhecer, de maneira lúdica e prazerosa, as principais contribuições culturais de origem africana do nosso país. A partir deste objetivo, procurou-se também proporcionar aos alunos conhecer o ritmo musical samba bem como os instrumentos musicais que o compõem, participar de culinárias de pratos de origem africana, construir coletivamente o personagem do sambista, conhecer alguns sambas clássicos, entre eles o “Sorriso Aberto” da Jovelina Pérola Negra, conhecer a contribuição cultural da população negra brasileira, respeitar a diversidade étnica do Brasil, construir uma identidade negra positiva, participar da roda de samba e construir instrumentos musicais de sucata.


A hora certa de aprender

"As crianças tem o péssimo hábito de não pedir permissão para começar a aprender."
(Emília Ferrero)

Emília Ferrero utilizou esta frase quando foi questionada sobre qual é a idade correta para que uma criança comece a ler e escrever. Com isso a autora quer dizer que cada criança tem seu tempo para iniciar sua curiosidade e, logo, seu conhecimento sobre a leitura e a escrita. Essa curiosidade só existe quando a criança está inserida num ambiente alfabetizador, ou seja, um ambiente em que a cultura escrita está disponível para ela e que seja utilizada por todos.

Uma criança que convive com adultos analfabetos ou que não tem acesso a livros dificilmente se interessará pela escrita e leitura.

Porém o que observo nos dias de hoje é que, apesar de vivermos em uma cultura extremamente imagética e que o hábito da leitura não é muito frequente (o brasileiro lê em média dois livros por ano) as crianças pequenas (da educação infantil) têm bastante interesse pela leitura e escrita.

Certamente porque as crianças de hoje em dia têm muito mais acesso à cultura escrita do que antigamente. Lembro da primeira história que ouvi de uma professora na escola. Foi na pré-escola e o nome do livro que a professora leu era "Os Sete Cabritinhos". Lembro que fiquei maravilhada com aquela história e queria muito manusear aquele livro com imagens tão bonitas e com aqueles pequenos símbolos que a professora decifrava com tanta desenvoltura. Porém a professora não me deixou pegar no livro, porque poderia estragar e a escola não dispunha de muitos livros.

Hoje em dia esta realidade não se aplica mais. As crianças tem acesso há vários portadores de texto, dentre eles os livros (todas as salas de escolas de Educação Infantil têm um "Cantinho da Leitura", bem como a maioria das bibliotecas escolares está bem equipada. Em casa, as crianças também tem acesso a diversos livros infantis, visto que existem títulos que são vendidos até em lojas de R$: 1,99.

As crianças de hoje em dia vêm, em sua maioria, de ambientes altamente alfabetizadores e por isso chegam na escola sedentas por aprender a ler e escrever. Frenar este processo por se acreditar que existe uma idade apropriada para a alfabetização, na minha opinião, é tão prejudicial como forçar a alfabetização de crianças que não estejam minimamente letradas.


ID, Ego e Super Ego


Freud, em sua teoria psicanalítica, divide a personalidade em três instâncias: ID, Ego e Super Ego.

Ego é a porção mais primitiva da psique humana e é responsável pelos impulsos e instintos imediatos. O Ego tenta puxar o Super Ego para as ações mais impulsivas. 

O Super Ego existe apenas na personalidade adulta, na medida que é adquirida através da absorvição das convenções do mundo civilizado. Ou seja, é adquirida conforme o indivíduo percebe o que é certo e errado na sociedade em que vive. É o Super Ego que inibe os desejos do ID os quais não são considerados apropriados no meio em que o indivíduo vive. 

O Ego serve para mediar as ações do ID  e do Super Ego, garantindo que nenhum deles acumule demasiada frustração.

Nas crianças da Educação Infantil podemos perceber claramente a inexistência do Super Ego, haja visto quantas vezes precisamos reforçar para que superem o egocentrismo e compreendam conceitos de amizade, coleguismo, certo e errado e etc. 


Erotização da Infância

A sociedade de consumo que vivemos castra a infância de maneira muito cruel. Alem usar-se da inocência das crianças ao incutir-lhes desejos e necessidades de consumo totalmente irresponsáveis, tais como o consumo de alimentos nada saudáveis e a necessidade de adquirir brinquedos descartáveis e que, em sua maioria, não desenvolvem a criatividade das crianças, o capitalismo também erotiza a infância. A imagem da criança vem sendo paulatinamente erotizada, principalmente no caso das meninas.

As roupas infantis estão virando cada vez mais roupas de adulto em miniatura, como pode-se observar na imagem abaixo, retirada do site http://www.claudiamatarazzo.com.br/motherholic/moda-para-criancas/


Na minha escola de Educação Infantil muitas meninas vem de mini-saia, sapato, batom e etc. sendo que elas tem 4 anos (!!!!). Muitas mães levam meninas desta idade na manicure e pede que a mesma ponte as unhas da filha iguais as suas. Então não e raro ver meninas de 4 a 5 anos com unhas pintadas de vermelho, de batom, saia e meia calca e etc para brincar na pracinha da escola. E possível perceber que elas não se sentem a vontade para brincar usando estas roupas e o que e pior: tem medo de sujar as roupas ou desmanchar os cabelos, por isso acabam brincando menos (!!!).

O que acontece neste caso: a criança torna-se consumidora, na medida que acaba tendo seu interesse voltado a novos produtos que não são mais os infantis, bem como torna-se algo a ser consumido visto que perde sua inocência natural (pedofilizacao da sociedade).

E muito triste perceber que em nome do consumo e do lucro a infância vá se perdendo, perdendo sua inocência natural...

Desafios Contemporâneos da Escola

No trabalho cotidiano em sala de aula estamos diante de grandes desafios: falta de material, salario insuficiente (pra não dizer vergonhoso), falta de apoio das famílias, alunos com dificuldades de aprendizagem ou de comportamento, etc. Muitas vezes, por estarmos tao próximos a estes desafios, os quais muitas vezes chamamos de problemas, não temos a distancia e o tempo suficientes para analisarmos suas raízes, suas reais motivações e caímos em falas de senso comum. 

E rotineiro ouvir na sala dos professores falas como:
- Isso tudo e culpa das famílias que não apoiam o trabalho do professor,
- Isso tudo e culpa do governo que rouba o dinheiro destinado a educação.
- Isso tudo e culpa da professora do ano anterior que não deu todo o conteúdo.

Quando não soltam o famoso e mais ignóbil bordão quando se quer achar a culpa de alguma coisa:
- Isso tudo e culpa da Dilma!

A leitura do texto "A Maquinaria Escolar" de Julia Varela e Fernando Alvarez joga uma luz em cima destes desafios que enfrentamos na escola, nos fazendo enxergar muito alem destas respostas prontas que costumamos ouvir, e algumas vezes até mesmo repetir, na sala dos professores.

O texto fala da crise e até mesmo da falência da escola para lidar com a complexidade da vida contemporânea. A escola simplesmente não sabe lidar com o diferente, com o fora do padrão estabelecido, com o que os autores chamam de "anormal". Quando os alunos não aprendem, busca-se um fator "biológico" para o seu fracasso, e a medicalizacao das crianças e generalizada (o Brasil e o segundo pais que mais consome Ritalina!!!).

A escola simplesmente esta tao desaparelhada e despreparada que não sabe lidar com o que foge do padrão "normal". Lembrei de um vídeo que foi compartilhado milhares de vezes nas redes sociais de um menino que, num acesso de fúria,  destrói uma sala.


Diante da cena as professoras e diretoras filmaram o ocorrido e postaram na internet. Esta atitude e totalmente condenável. Expor a criança desta maneira e totalmente repreensível. Os comentários que os internautas fizeram sobre o vídeo foram extremamente cruéis, dizendo que o menino merecia apanhar, que lhe faltavam limites. 

Porem, penso que o fato de as professoras e diretora terem postado este vídeo não foi com mal intenção. Foi pura e simplesmente uma demonstração de que a escola esta totalmente despreparada, não sabe mais o que fazer em casos como o deste menino.

Porem nem tudo está perdido. Sobre o caso deste menino, uma mãe deu um relato muito interessante e emocionado em outro vídeo.


Acredito que nós, profissionais da educação, devamos fazer uma reflexão mais profunda sobre o que ou quem esta provocando esta crise na educação e, através de debates e enfrentamentos, buscar soluções que vão alem do senso comum.

Desafios na Alfabetização


A alfabetização é um grande (para não dizer enorme) desafio. A primeira turma que lecionei nos anos iniciais foi um segundo ano. Meu Deus... Achei que iria morrer... E até hoje não tenho certeza se realizei um bom trabalho, pois receber uma turma com 30 crianças que se encontram em diferentes níveis de alfabetização (desde as totalmente alfabetizadas até aqueles que ainda não escreviam o próprio nome) foi muito difícil para mim.

E havia as crianças que vinham de um ambiente alfabetizador (que haviam frequentado a Educação Infantil ou que faziam contra turno escolar em outra instituição de ensino) e as que nunca haviam pego em um lápis, tinham pais analfabetos, realidade econômica carente, etc.

Naquele ano eu não tinha a maturidade profissional que tenho hoje e acredito que o meu trabalho não foi bom. Se tivesse aquela turma hoje, teria feito diferente. E sinto que o trabalho não foi bom por falta de conhecimento, e não de boa vontade.

Hoje vejo a importância dos jogos em sala de aula e de compreender melhor em que nível de alfabetização se encontra cada aluno para planejar atividades mais direcionadas a cada um.

Pós-modernidade, consumo e a Infância





Eu sempre neguei a chegada da pós-modernidade, sempre achei que porque nosso meio do produção ainda é o capitalista ainda não havia acontecido uma ruptura na modernidade. Porém, depois de lei o texto Mídia e Consumo na Infância Pós Moderna de Mariângela Momo tive que mudar a minha ideia.

As mudanças que ocorreram no final do século passado causaram sim uma grande ruptura. O fim das grandes utopias, a modernização dos meios de comunicação e a possibilidade de trocas culturais constantes nos fazem perceber que vivenciamos um novo momento.

Prova de que vivemos um novo momento é o consumo latente e crescente em nossa sociedade. Na verdade é este consumo excessivo que tem alimentado o capitalismo contemporâneo. A necessidade de consumo criada pela publicidade é o que mantém o capitalismo, como podemos perceber no vídeo "A história das coisas". As consequências para o meio ambiente, como também podemos perceber no vídeo, são desastrosas.

Este consumismo exacerbado atinge diretamente as crianças. Alimentos nada saudáveis e brinquedos descartáveis são oferecidos às crianças nas propagandas de televisão como sendo essenciais à diversão e à ludicidade. Enquanto sabemos que o que importa mais é a qualidade da brincadeira, e não do brinquedo. Os pais que vivem na eterna "falta de tempo"(outra característica da pós-modernidade) tentam suprir o tempo que não dispoem com seus filhos comprando brinquedos que, muitas vezes, em nada desenvolvem a criatividade das crianças.

Na foto abaixo, por exemplo, alunos de uma escola que trabalhei em Novo Hamburgo brincaram por quase um mês com estes caixotes de madeira e não sentiram a necessidade de brincar com brinquedos caros e descartáveis que apareceram na televisão.



Acredito que um dos papéis do professor na sociedade pós moderna é mostrar aos seus alunos as consequências que o consumo desenfreado pode acarretar para o meio ambiente e, principalmente, que podemos ser muito mais felizes com muito menos do que nos fazem acreditar que precisamos.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sexualidade Infantil



Quando falamos de sexualidade na infância, erroneamente a maioria das pessoas relaciona com pornografia infantil ou pedofilia. Mas estas relações estão totalmente erradas. Ao estudarmos a teoria de Freud, percebemos que para a psicanalise a sexualidade tem outro significado.

Diferente da sexologia, que utiliza o termo sexualidade somente ao se referir ao ato sexual (reprodução), a teoria psicanalítica de Freud utiliza outra significação. Segundo esta teoria, a criança inicia seu processo de aprendizagem sobre si mesmo e o mundo através de sua sexualidade. Este processo de aprendizagem, Freud dividiu em três fases: oral, anal, fálica e de latência. 

Estas fases são claramente identificáveis quando observamos as crianças. Por exemplo, os bebes que levam quase tudo a boca. E' através dela que conhecem o mundo. A fase anal ocorre por volta dos dois anos, quando ocorre o desfralde, a criança passa a ter controle de seus esfincteres. Na fase fálica, por volta dos 4 anos a criança descobre as diferenças entre o corpo masculino e feminino, logo ocorre uma curiosidade sobre o corpo do outro. Alguns pais ficam assustados nesta fase, devido a curiosidade das crianças. Na fase de latência, por volta dos 7 anos a criança prepara-se para a puberdade, fase em que vivera plenamente a sua sexualidade.

Todas estas fases devem ser vivenciadas de maneira plena, pois quando não são bem resolvidas acabam gerando traumas posteriores.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Voltar a estudar... Grandes desafios...

Este ano voltei a estudar. Que enorme desafio... Por vários motivos resolvi voltar a estudar, mas em primeiro lugar posso citar porque gosto de estudar e já estava me sentindo "enferrujada", Depois, porque quero me aprimorar profissionalmente, fazer do meu trabalho sempre melhor. Estopu cursando Pedagogia no PEAD/UFRGS.

Apesar das 50 horas semanais de trabalho, apesar de trabalhar em dois municípios... Resolvi voltar a estudar. Todos estes fatores já dificultavam bastante a minha decisão de voltar a estudar, porém a vida, como dizem, é um "caixinha de surpresas" e no meio da minha rotina super corrida ocorre um imprevisto: meu pai ficou MUITO doente e eu tive que me afastar do trabalho para cuidar dele.
Estou em uma cidade chamada Espumoso, distante cerca de 260 km de Porto Alegre cuidando em tempo integral do meu pai.

Não tenho conseguido acompanhar todas as atividades, porém "não largo o osso!". Sigo firme, tentando acompanhar todas as atividades e não perder o semestre!!!