terça-feira, 23 de maio de 2017

"Dia das Mães"e "Dia dos Pais" ou "Dia da Família"?

No início deste mês, quando estava construindo o presente de Dia das Mães com os alunos, tive este diálogo com uma aluna:

Aluna: -Ô "tôf", eu vou dar este presente pra minha vó, tá?
Eu: - Tudo bem. E tu quer escrever mãe ou vó no presente?
Aluna: - Quero escrever mãe. É que minha vó vai guardar pra eu dar pra minha mãe depois. É que minha mãe tá presa.

Impossível não ter aquele nó na garganta e aquele aperto no peito e pensar na validade destas atividades voltadas para o Dia das Mães e/ou Dia dos Pais.

Nunca gostei destas comemorações nas escolas, pois muito me remetem a consumo, haja vista como o marketing usa estas datas para incentivar o comércio. A televisão, jornais, revistas e outdoors ficam cheios de propagandas lembrando o quanto é "importante" comprar um presente para os pais nesta época. (Será mesmo importante o presente? Será que um abraço, uma visita, um momento agradável com quem se ama não são suficientes?)

Fora isso, sabemos que hoje em dia as famílias são compostas das mais diversas formas: dois pais, duas mães, avós criando netos como filhos, etc. Segundo dados do IBGE, que se encontram na reportagem do site O Globo, a família estereotípica formada por um casal com filhos caiu de 51% para 42,9%.


Diante desta nova realidade, cabe à escola se reinventar e abandonar os tradicionais "Dia das Mães" e "Dia dos Pais" por uma data que contemple melhor a atual realidade em que vivem os alunos, bem como abandone o apoio a datas que apelam ao consumo.

A meu ver um "Dia da Família" seria perfeito. Um dia em que os alunos sejam lembrados a valorizar aqueles que compõem o seu núcleo familiar, sem nenhum tipo de preconceito ou receio.

sábado, 20 de maio de 2017

A saúde mental dos professores

Uma das tarefas da Interdisciplina de Psicologia da Vida Adulta neste semestre foi escolhermos um tema referente à interdisciplina para realizarmos uma pesquisa em grupo.

Eu e meu grupo escolhemos as patologias psicológicas que afetam os professores. Eu fui entusiasta no grupo para pegarmos este tema por já ter sofrido com depressão e ter sentido na pele o  quanto o ambiente escolar pode potencializar esta doença ou até mesmo ser a causadora dela.

Neste meio tempo, alguns sintomas começaram a surgir em mim: dores de cabeça e nas costas, tensão, lapsos de memória, excesso de sono, desânimo, crises de choro, irritabilidade, desorganização mental e uma enorme ansiedade.

Fui levando, como pude. Até não aguentar mais, até chegar no meu limite. Procurei um médico que me receitou medicação e desacelerei um pouco. Não consegui me afastar do trabalho pois sei que se o fizesse, quando retornar teria que recuperar os dias de aula que os alunos perderam. A única coisa que pude fazer, e fiz, foi deixar a faculdade um pouco de lado e ir levando a escola com mais calma, adiando tudo o que pudesse ser adiado. E torcer para o remédio fazer efeito.

Hoje, passadas duas semanas da consulta médica e início do tratamento medicamentoso, estou um pouco melhor. Mas ainda não 100%. Porém, a vida tem que seguir, não posso me dar o luxo de abandonar tudo, tenho que seguir tentando.

Lendo esta reportagem abaixo e a pesquisa que realizei sobre Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) entre professores, confirmei algo que já desconfiava: o quanto os transtornos psicológicos são comuns entre os professores. Ou seja, o quanto a carreira docente pode ser prejudicial não só para a saúde física dos professores, mas também para a sua saúde mental.

CADA VEZ MAIS PROFESSORES ADOECEM COM PROBLEMAS PSICOLÓGICOS

Não queria que esta fosse uma postagem daquelas "desabafo" onde a gente só aponta problemas e não tem sugestões para as coisas melhorarem. Porém, realmente, não tenho sugestões.

A minha esperança é na minha luta constante para que as coisas melhorem, sendo dando aula, dando o melhor de mim ou na minha formação, onde estudo para me aprimorar e ser melhor profissional ou ainda na minha militância política.

Porém, enquanto as coisas não mudam, sigo as orientações do meu psiquiatra e "me protejo, me resguardo" daquilo que pode me afetar negativamente.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Páscoa: a escola e o assistencialismo

Um dia desses, em uma aula presencial, estava conversando com um grupo de colegas e relatei como foi a Páscoa na minha escola.

Contei às colegas que minha escola tem crianças com uma realidade sócio econômica muito difícil, que a escola está localizada em zona de conflito de tráfico e que os alunos são bem humildes (economicamente falando). Pensando nisso, fiz os ninhos de Páscoa com os alunos e arrecadei doces (balas, bombons, pirulitos e etc) com amigos e familiares para rechear as cestas.

As cestas ficaram bem cheias e os alunos adoraram. Sei que para muitos deles, este será o único doce que irão ganhar do coelhinho.






Então uma colega que ouviu minha história disse que, apesar de comovida com o meu relato em relação aos meus alunos, achava que isso não era função da escola. Que isso era assistencialismo e que escola não é lugar disso. Que a escola está abraçando funções que não são suas. Disse que no lugar de fazer o papel de assistentes sociais, psicólogas e etc., devemos lutar para que existam estes profissionais dentro das escolas. E não fazer o papel deles.

A fala desta colega me deixou pensativa... Concordo em partes com o que ela disse. Claro que escola não é lugar de assistência social. Concordo que a escola está abraçando funções que não são suas obrigações. Claro que a escola deveria estar mais bem equipada com profissionais de áreas como assistência social e psicologia. E é mais claro ainda que devemos lutar para que tais profissionais estejam nas escolas.

Mas a minha pergunta é: o que fazer até lá?

Será que eu conseguiria passar meu domingo de Páscoa com minha família, numa casa confortável e comendo chocolates a revelia, sabendo que meus alunos estão em uma situação totalmente diferente da minha, numa casa sem recursos materiais, em lares desestruturados e assistindo aos comercias de ovos de Páscoa na TV som terem um docinho sequer para comer???

Será que eu sou muito sensível ou o mundo está muito embrutecido e as pessoas não conseguem se consternar diante de uma realidade dessa?

Sinceramente, não sei....

terça-feira, 2 de maio de 2017

Que tipo de professor você é?

Sigo duas páginas no Face Book muito interessantes sobre educação. São elas:

Professora Sincera: https://www.facebook.com/professorasincera/?fref=ts
Professora Indelicada: https://www.facebook.com/professoraindelicada01/?fref=ts

Ambas páginas tratam de assuntos pertinentes à rotina escolar e das dificuldades da vida dos professores com muito humor e uma pitada de sarcasmo. Muitas vezes trazem assuntos sérios sobre políticas públicas relacionadas à educação e acabam promovendo debates interessantes com professores de todo o Brasil.

A imagem abaixo é para descontrair um pouco a rotina dos professores:


Então deixo a pergunta: que tipo de professor você é? Hehehehe

No momento acho que estou uma mistura de Prof sem grana com Profa Rivotril... E você???

Jogo da Memória das Vogais


 Muitas vezes a "desculpa" para não trabalhar com jogos em sala de aula é a falta de tempo e de materiais de confeccioná-los.

Pois bem, em sala de aula mesmo, confeccionei um jogo da memória sobre as vogais.

Imprimi 5 cópias desta folha abaixo e colei no papel da caixa de leite.







As regras do jogo sãs as seguintes:

Número de participantes:cinco alunos

Cada aluno sorteia uma vogal para si. As fichas com as figuras ficam no centro da mesa. Cada aluno, na sua vez, vira uma ficha. Deverá encontrar as fichas que contém figuras cuja a letra inicial seja a vogal que sorteou no início do jogo.

Quando o jogo termina, os alunos trocam entre si as vogais que sortearam e o jogo recomeça.

Semana passada os alunos jogaram este jogo da memória e gostaram bastante. Foi bem legal, pois aqueles que já sabiam as vogais ensinavam aqueles que ainda não aprenderam.

Foi um jogo fácil e muito barato de construir.









Aulas de História no E.M.: um novo desafio

Minha formação é nível médio com habilitação Magistério (Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental) e graduação em Licenciatura Plena em História. Porém sempre atuei com os "pequenos" (educação infantil e anos iniciais). Justamente por isso optei por fazer esta nova licenciatura em Pedagogia, para me especializar mais na área em que atuo desde sempre.

Porém este ano surgiu a oportunidade de lecionar História para o Ensino Médio e uma turma de sétimo ano do fundamental. A princípio tentei de todas as formas "fugir" dos maiores. Não por medo de dar aula para o ensino médio, mas por estar mais focada nos anos iniciais do E.F. Contudo, não consegui uma turma de CAT na minha escola e tive que aceitar o desafio.

Não achei difícil, como costumo dizer sempre, o curso de Magistério te ensina a dar aula "até debaixo da água", então até então está indo tudo bem, apesar de considerar a minha escola muito desorganizada e descomprometida, o que acaba refletindo no meu trabalho de forma negativa.  Porém, venho me esforçando e tentando fazer o meu melhor. O curso de PEAD tem me ajudado bastante.

Ao entrar na sala de aula, munida apenas de livros didáticos de qualidade duvidosa e três canetas de quadro branco, diante daqueles jovens tão desinteressados nos estudos, trancados naquela sala de aula com poucas lâmpadas funcionando, uma porta que não fecha, sem cortinas e com mesas pichadas penso: de que maneira vou convencê-los da importância que é estudar. Ainda mais o conteúdo de História que é visto sempre como menos importante que Português e Matemática e é menos divertido que Educação Física.

Não estou escrevendo esta postagem para dizer que descobri qual é a receita mágica que desperta a atenção dos alunos, simplesmente porque ainda não descobri qual é esta receita. Diante de uma realidade escolar tão difícil, para mim cada dia tem sido um desafio e qualquer 10 minutos que consigo de atenção da turma é um desafio.

Há alguns dias, parei todo o conteúdo para conversar com a turma. Não queria que minha fala soasse com um sermão (tomara que não tenha soado assim), mas salientei que nos dias atuais, diante do sucateamento da educação, da desvalorização do professor, da falta de atenção e políticas públicas para a juventude, que é tratada pelo governo apenas como futura mão de obra, o maior ato de rebeldia que um jovem pode ter é estudar. Pois é justamente isso que os governantes não querem que a juventude faça: estudar.

Diante da minha fala, pude perceber uns 3 ou 4 pares de olhos que se encheram de brilho dentro de uma turma de quase trinta alunos. É por estes 3 ou 4 pares de olhos e pela esperança que os outros também se encham de esperança que eu ainda persisto, ainda luto, ainda tento dar o melhor de mim dentro de sala de aula, apesar de todas as adversidades.