terça-feira, 9 de maio de 2017

Páscoa: a escola e o assistencialismo

Um dia desses, em uma aula presencial, estava conversando com um grupo de colegas e relatei como foi a Páscoa na minha escola.

Contei às colegas que minha escola tem crianças com uma realidade sócio econômica muito difícil, que a escola está localizada em zona de conflito de tráfico e que os alunos são bem humildes (economicamente falando). Pensando nisso, fiz os ninhos de Páscoa com os alunos e arrecadei doces (balas, bombons, pirulitos e etc) com amigos e familiares para rechear as cestas.

As cestas ficaram bem cheias e os alunos adoraram. Sei que para muitos deles, este será o único doce que irão ganhar do coelhinho.






Então uma colega que ouviu minha história disse que, apesar de comovida com o meu relato em relação aos meus alunos, achava que isso não era função da escola. Que isso era assistencialismo e que escola não é lugar disso. Que a escola está abraçando funções que não são suas. Disse que no lugar de fazer o papel de assistentes sociais, psicólogas e etc., devemos lutar para que existam estes profissionais dentro das escolas. E não fazer o papel deles.

A fala desta colega me deixou pensativa... Concordo em partes com o que ela disse. Claro que escola não é lugar de assistência social. Concordo que a escola está abraçando funções que não são suas obrigações. Claro que a escola deveria estar mais bem equipada com profissionais de áreas como assistência social e psicologia. E é mais claro ainda que devemos lutar para que tais profissionais estejam nas escolas.

Mas a minha pergunta é: o que fazer até lá?

Será que eu conseguiria passar meu domingo de Páscoa com minha família, numa casa confortável e comendo chocolates a revelia, sabendo que meus alunos estão em uma situação totalmente diferente da minha, numa casa sem recursos materiais, em lares desestruturados e assistindo aos comercias de ovos de Páscoa na TV som terem um docinho sequer para comer???

Será que eu sou muito sensível ou o mundo está muito embrutecido e as pessoas não conseguem se consternar diante de uma realidade dessa?

Sinceramente, não sei....

Um comentário:

  1. Olá Nubia,
    Muito boa tua reflexão. Para qualificar ainda mais, sugiro trazer algum autor para o teu texto que fale sobre o papel da escola na vida das crianças. Este tema divide opiniões.
    Att,
    Tutora Rocheli

    ResponderExcluir