segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Seguir em frente

"É no andar da carroça que as melancias se ajeitam, não é mesmo?
E a vida não para pra vc ficar juntando os caquinhos do seu coração ou colocando as ideias em ordem na sua cabeça.
Pelo contrário, a vida segue rápido e quase te atropela.
Tentando botar a rotina em dia. Começando pelo PEAD.
Sem - Or! Qta coisa atrasada!"

O texto acima foi postado por mim no meu perfil do Face Book. Se refere à minha vida acadêmica que estava "estacionada" desde o dia 08/10/2017. Esta foi a data de falecimento do meu pai. NMsa verdade, desde o meio do mês anterior, setembro, eu estava na cidade de Passo Fundo, onde ele estava internado, cuidando de sua saúde e o acompanhando.

Então faz um mês e meio que minha vida acadêmica está "parada". As atividades atrasadas são muitas, mal sei por onde começar. Mas hoje comecei.

Ainda é complicado pra mim, pois o mesmo silêncio que é necessário para me concentrar nas atividades é o silêncio que faz a cabeça viajar em pensamentos, saudades, palavras ditas e não ditas, ... E logo as lágrimas vêm e a concentração some.

Mas não desisti. É vida que segue. Sei que se meu pai pudesse dizer algo pra mim agora, diria para eu seguir em frente. E é o que estou fazendo agora.








domingo, 2 de julho de 2017

Fim de semestre


Final do semestre e a luna que deixou tudo para a última hora está assim...




KKKKKK

Escola X Consumisno

Hoje estava na fila da padaria e na minha frente estava uma pequena família (pai, mãe e uma filha). Eles conversavam e então o pai disse para a menina:
- Mês que vem é o dia dos pais. O que tu vais me dar de presente?
A menina pensou um pouco e disse:
- Eu já sei o que é, mas não vou te dizer porque é surpresa.
O pai, então, rindo brincou:
- Não vale me dar meia e cueca!

Depois de ouvir aquele pequeno diálogo, refleti no quanto é triste que datas como dia das mães, dia dos pais, dia da criança, Natal e etc. sejam datas marcadas pelos presentes e pelo consumo. Quando ligamos a televisão o que vemos são lojas anunciando o quanto você pode provar que ama alguém lhe dando um presente, como se amor pudesse ser mensurado em valores monetários.

E o que me deixa mais triste é ver o quanto a escola reafirma isso, haja vista que nestas datas as crianças constroem presentes para os pais e mães (algumas vezes a escola até pede para as famílias algum dinheiro para fazer estes presentes) ou ganham presentes no dia das crianças ou Natal. Ou seja, estas datas são feitas para gastar dinheiro comprando presentes ou ganhando presentes.

Em uma das páginas que sigo no Facebook Infância Livre de Consumismo uma mãe relatou como comemorava o dia da criança na sua casa. Muito antes da data, ela conversava com seu filho sobre o que fariam naquele dia. Como seria um feriado e um dia dedicado às crianças, o filho deveria escolher tudo o que fariam naquele dia, construindo assim um roteiro. Durante semanas o menino foi construindo este roteiro, anotando o que a família comeria no café da manhã, onde passeiariam, o que fariam à noite e etc.

Achei genial, pois no lugar de escolher um presente que, muitas vezes os pais não têm  condições de comprar e alimentar este capitalismo quase selvagem em que vivemos, esta família encontrou uma forma muito mais saudável e significativa de viver uma data comemorativa.

Acredito que a escola tem que ir por este viés. Por que no lugar de solicitar 5, 10, 15 reais para construir o presente do papai e da mamãe, não propor um piquenique coletivo das famílias? Propiciando, assim, que a comunidade escolar se conheça e conviva de forma saudável.

Acho que a escola deve repensar seu papel enquanto reprodutora e incentivadora do consumismo quando, na verdade. deve combatê-lo.

O que me define?

Devido a uma série de razões (pessoais e até mesmo profissionais), resolvi voltar a fazer terapia. Já fiz terapia há um tempo atrás e eu gostava muito. Me fazia muito bem, me ajudava a me conhecer, me reinventar. Por motivos financeiros, parei de fazer terapia.

Porém, me organizei este ano resolvi voltar a terapia, até mesmo porque meu médico psiquiatra disse que seria muito bom.

Enquanto não começo a terapia, converso bastante com meu médico. Uma das primeiras coisas que ele me perguntou é qual era o meu hobby. O que eu fazia no meu tempo livre. Por incrível que pareça, eu tive muita dificuldade em responder esta pergunta. Disse a ele que tinha uma vida social, que saia com meus amigos, que visitava a minha família, ...

Porém ele não ficou satisfeito com estas respostas e complementou a pergunta: o que te define?
Neste momento percebi o quanto a minha profissão me define. Em pelo menos 80% do meu tempo "livre" (tempo em que não estou na escola) eu estou planejando aulas, corrigindo trabalhos ou fazendo os trabalhos do PEAD.

O médico me alertou de que eu precisava de um tempo meu, pra mim. Então comecei a refletir sobre o PEAD, o porquê de eu estar fazendo o PEAD. Já tenho uma graduação, ao concluir o PEAD, nada mudará no meu salário, pois ainda terei somente o nível superior (e não serei pós graduada, ainda). Então por que dedico o pouco tempo livre que tenho ao PEAD? Será que não seria melhor largar o PEAD e me dedicar a uma pós graduação que aumentaria meu salário? Ou largar o PEAD para me dedicar a um hobby, a um tempo "para mim", como recomendou o médico? 

Estou sempre com as atividades e postagens do BLOG atrasadas. Será que prosseguir com o PEAD ainda é válido?

Depois de refletir um pouco, conclui que faço o PEAD porque gosto. Gosto de estudar, gosto das leituras e reflexões que o curso me proporciona. Muitas vezes estou atrasada com trabalhos justamente por isso, pois vou levando o PEAD como meu hobby, como algo que eu gosto de fazer. Isso não quer dizer que não levo a sério, mas eu gosto tanto que acabo levando de uma forma mais minha, mais light.

Então, respondendo ao médico, o que me define? O ensino, a educação, a docência. Até em meus hobbys, meus momentos de tempo "livre" sou professora e estudo educação pois é o que eu gosto, é o que sou e é, com certeza, o que me define.

Gestão? Que gestão escolar???

No ano de 2016 eu comecei a trabalhar em uma determinada escola. Desde o primeiro dia, eu percebia que havia algumas coisas erradas nesta escola. Porém, como era início do ano e eu era nova ali, eu acabava relevando, como dizem popularmente "empurrando com a barriga".

O ano de 2016 foi bastante conturbado, com paralisações e greves e eu acabava justificando as coisas erradas que eu percebia por isso, pelas dificuldades que a escola enfrentara durante o ano letivo.

Porém, depois de muitas reflexões, muitas destas reflexões que foram geradas devido ao curso do PEAD, eu percebi que as coisas erradas que haviam na escola não tinham nenhuma justificativa, ou pelo menos não tinham as justificativas que eu pensava que tinha.

Principalmente no que tange a gestão da escola. Toda vez que eu tinha que fazer uma reflexão sobre a gestão da escola, sobre o PPP, sobre o regimento, isso era sofrível para mim. Simplesmente porque não havia nada disso na escola.

Por muitas vezes (muitas mesmo) a direção da escola não comparecia na escola. Isso mesmo. Por muitas (várias) vezes, na escola havia somente os alunos e professores, pois a direção não se fazia presente. Muita falta de professores, os alunos saindo mais cedo todos os dias devido a falta de professores. A escola sem merenda, sem monitores, sem serviço de portaria...

O regimento que stava sendo elaborado há mais de anos e nunca ficava pronto.

O PPP que tratava-se de um documento pobre e descompromissado.

A depredação dos espaços da escola, tais como sala de vídeo, biblioteca, pátio, salas, ...

O descompromisso dos funcionários...

Eu, teimosa (ariana) que sou, continuei na esperança de tudo melhorar. Porém, a cada dia as coisas só pioravam. E quando percebi que eu tinha dificuldades de fazer os trabalhos de gestão da escola porque a mesma não tinha gestão, parecia estar totalmente a deriva... Resolvi mudar.

Troquei de escola. Uma nova escola em um novo lugar. Me sinto um pouco "derrotada" por ter abandonado a escola que trabalhava, porém me convenci que ela tem problemas os quais não dependem de mim para serem resolvidos. E o pior: os problemas que ela tem estavam afetando a minha vida profissional, acadêmica e até mesmo a minha saúde mental.



sábado, 1 de julho de 2017

Eu professora, eu aluna...

Muitas vezes quando olho meus alunos, acabo lembrando de mim mesma na idade deles: tão jovens, tão abandonados pelas políticas públicas deste país, oriundos de lares desestruturados, cada um com uma dor, uma angústia tão suas e muitas vezes a escola é o único lugar que pode lhes acolher, lhes ouvir.

Como era a minha primeira aula na turma de primeiro ano do Ensino Médio da nova escola para qual leciono os conteúdos de História e Geografia, não estava com uma aula planejada pois não sabia quais conteúdos eles já haviam estudado. Diante disso, comecei a sondar os conteúdos que já estudaram neste ano e fazer uma pequena revisão. 

Feito isso, ainda estava sobrando tempo de aula. Comecei uma conversa informal, tentando conhecer um pouco daquela turma e estabelecer vínculos. Perguntei-lhes quem já havia ido em algum museu. Algumas mãos se levantaram. Perguntei quem havia levado eles ao museu. A maioria daqueles que haviam levantado a mão responderam: a escola.

Então perguntaram: "existe mais algum museu em POA além do da PUC?"

Naquele momento voltei uns 20 anos no tempo e me vi sentada numa sala de aula bastante depredada num dia quente de verão em que o único ventilador da sala girava lentamente sem conseguir dar conta de refrescar aquele ambiente. Na minha frente havia um professor cheio de boa vontade, se esforçando ao máximo para cativar aquela turma tão cheia, lotada de pré adolescentes cheios de energia, com calor e que se distraiam com facilidade. Lembro que aquele professor me levou a um museu. E que se não fosse aquele professor, eu nunca teria ido a um museu, minha família nunca teria me levado e, sozinha, eu nunca descobriria a importância e a maravilha de frequentar um museu.

Respondi, então, ao questionamento da minha aluna, que haviam muitos museus em POA e que eram abertos para visitação ao público gratuitamente. Falei do Santander Cultural, do MARGS, do Memorial do RS, da Casa de Cultura Mário Quintana, do Museu do Trabalho, do Museu José Joaquim Felizardo e tantos outros existentes em POA e que são públicos ou de visitação gratuita e que podem e devem ser aproveitados pela população.

Acredito que uma das funções da escola é esta, a de mostrar o novo, o diferente,aquilo que os jovens não tem, acesso ou não sabem que tem acesso. E quando lembro daquele professor que me ensinou o caminho dos museus e a importância da História, da cultura e da arte, lembro o quanto isso foi importante na minha formação. Quer, e devo, fazer o mesmo que este professor fez por mim aos meus alunos.

domingo, 25 de junho de 2017

Escolas X Presídios

“Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”

Esta frase foi dita por Darcy Ribeiro em uma conferência no ano de 1982.

Porém, parece que nossos governantes não ouviram (ou fingem que não ouviram) o antropólogo Darcy Ribeiro, pois estas foram as manchetes publicadas no jornal Zero Hora  ainda neste mês:


Segundo pesquisa realizada pelo jornal Estado de Minas, o inchaço do sistema carcerário brasileiro seria evitado com melhorias no ensino pois no Brasil, presos custam 13 vezes mais que estudante.

 Porém o que assistimos é cada vez mais a sucateamento da educação e o clamor da população por segurança e justiça. Como se estas coisas não fossem intimamente ligadas e dependentes umas das outras.

Não quero de forma nenhuma ser pessimista ou negativa em relação aos rumos que a educação tem tomado em todas as esferas (municipal, estadual e federal), mas é inegável que estamos vivendo um grande período de retrocessos.

Cabe a nós, educadores, nos conscientizarmos do tamanho da importância no nosso trabalho e continuarmos empenhados, diante das adversidades.

Como costumo dizer aos meus alunos do Ensino Médio:

Os governantes morrem de medo dos professores, pois a educação é a única forma de acabar com os maus políticos.

A "crise" na educação brasileira.


No ano de 1977, ou seja, há 40a os atrás o antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro assim definia a crise da educação no Brasil: como um projeto.

Na minha interpretação, este projeto parte das elites políticas mal intencionadas, que vislumbram na ignorância da população a possibilidade de continuarem a se beneficiar.

 

Este vídeo (o qual não consegui encontrar a data em que foi feito), que traz um pequeno trecho de uma fala do ex governador Leonel Brizola  que vai de encontro à frase de Darcy Ribeiro.

Analisando as últimas 4 décadas, podemos dizer que a educação teve grandes avanços no Brasil. Porém, não foram suficientes. E nos últimos tempos (na verdade, nos últimos dois anos) estamos assistindo há uma série de retrocessos nas políticas públicas voltadas para a educação no nosso país e no nosso Estado.

E on pior: estamos assistindo de braços cruzados a todos estes retrocessos...

É muito triste que uma frase dita por um escritor há 40 anos atrás sobre educação ainda faça tanto sentido...

Ser professora

Neste fim de semana eu estava conversando com um amigo sobre tatuagens. Ele, como eu, acredita que uma tatuagem deve ter um significado especial para a pessoa, afinal é algo que ficará marcado na pele para o resto da vida. Por isso, este meu amigo disse que não fez nenhuma tatuagem, pois ainda não encontrou um motivo para marcar em sua pele.

Eu tenho uma pequena tatuagem no braço, que é ligada a minha infância, em especial a minha avó paterna.

Expliquei ao meu amigo que pretendo fazer uma nova tatuagem no ombro, que será o desenho de uma coruja (símbolo da educação) com uma estrela ao fundo, iluminando um céu escuro (remetendo ao anel símbolo da pedagogia, que é um estrela em cima de uma pedra preta, significando a luz do conhecimento sobre a escuridão da ignorância).

Ao saber o significado da minha futura nova tatuagem, meu amigo, espantado, comentou:

- Nossa, tu gosta mesmo da tua profissão, né? Eu gosto muito da minha, mas não tatuaria nada referente a ela.

Naquele momento parei para refletir o quanto a minha profissão faz parte de mim. Eu não sou professora só as 40 horas que trabalho durante a semana. Ser professora não me define só como profissional, me define enquanto pessoa. Por isso a vontade de marcar minha profissão na pele, em uma tatuagem.

Ser professora é a maneira que encontrei de transformar o mundo. De melhorá-lo. Ser professora é tão característica minha como a cor dos meus olhos, meu temperamento ou qualquer outra característica.

Se me fosse proibido lecionar, não sei que outra profissão eu teria, pois o ambiente escolar pra mim é tão natural... Como a água é para os peixes ou o ar para as aves...

terça-feira, 23 de maio de 2017

"Dia das Mães"e "Dia dos Pais" ou "Dia da Família"?

No início deste mês, quando estava construindo o presente de Dia das Mães com os alunos, tive este diálogo com uma aluna:

Aluna: -Ô "tôf", eu vou dar este presente pra minha vó, tá?
Eu: - Tudo bem. E tu quer escrever mãe ou vó no presente?
Aluna: - Quero escrever mãe. É que minha vó vai guardar pra eu dar pra minha mãe depois. É que minha mãe tá presa.

Impossível não ter aquele nó na garganta e aquele aperto no peito e pensar na validade destas atividades voltadas para o Dia das Mães e/ou Dia dos Pais.

Nunca gostei destas comemorações nas escolas, pois muito me remetem a consumo, haja vista como o marketing usa estas datas para incentivar o comércio. A televisão, jornais, revistas e outdoors ficam cheios de propagandas lembrando o quanto é "importante" comprar um presente para os pais nesta época. (Será mesmo importante o presente? Será que um abraço, uma visita, um momento agradável com quem se ama não são suficientes?)

Fora isso, sabemos que hoje em dia as famílias são compostas das mais diversas formas: dois pais, duas mães, avós criando netos como filhos, etc. Segundo dados do IBGE, que se encontram na reportagem do site O Globo, a família estereotípica formada por um casal com filhos caiu de 51% para 42,9%.


Diante desta nova realidade, cabe à escola se reinventar e abandonar os tradicionais "Dia das Mães" e "Dia dos Pais" por uma data que contemple melhor a atual realidade em que vivem os alunos, bem como abandone o apoio a datas que apelam ao consumo.

A meu ver um "Dia da Família" seria perfeito. Um dia em que os alunos sejam lembrados a valorizar aqueles que compõem o seu núcleo familiar, sem nenhum tipo de preconceito ou receio.

sábado, 20 de maio de 2017

A saúde mental dos professores

Uma das tarefas da Interdisciplina de Psicologia da Vida Adulta neste semestre foi escolhermos um tema referente à interdisciplina para realizarmos uma pesquisa em grupo.

Eu e meu grupo escolhemos as patologias psicológicas que afetam os professores. Eu fui entusiasta no grupo para pegarmos este tema por já ter sofrido com depressão e ter sentido na pele o  quanto o ambiente escolar pode potencializar esta doença ou até mesmo ser a causadora dela.

Neste meio tempo, alguns sintomas começaram a surgir em mim: dores de cabeça e nas costas, tensão, lapsos de memória, excesso de sono, desânimo, crises de choro, irritabilidade, desorganização mental e uma enorme ansiedade.

Fui levando, como pude. Até não aguentar mais, até chegar no meu limite. Procurei um médico que me receitou medicação e desacelerei um pouco. Não consegui me afastar do trabalho pois sei que se o fizesse, quando retornar teria que recuperar os dias de aula que os alunos perderam. A única coisa que pude fazer, e fiz, foi deixar a faculdade um pouco de lado e ir levando a escola com mais calma, adiando tudo o que pudesse ser adiado. E torcer para o remédio fazer efeito.

Hoje, passadas duas semanas da consulta médica e início do tratamento medicamentoso, estou um pouco melhor. Mas ainda não 100%. Porém, a vida tem que seguir, não posso me dar o luxo de abandonar tudo, tenho que seguir tentando.

Lendo esta reportagem abaixo e a pesquisa que realizei sobre Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) entre professores, confirmei algo que já desconfiava: o quanto os transtornos psicológicos são comuns entre os professores. Ou seja, o quanto a carreira docente pode ser prejudicial não só para a saúde física dos professores, mas também para a sua saúde mental.

CADA VEZ MAIS PROFESSORES ADOECEM COM PROBLEMAS PSICOLÓGICOS

Não queria que esta fosse uma postagem daquelas "desabafo" onde a gente só aponta problemas e não tem sugestões para as coisas melhorarem. Porém, realmente, não tenho sugestões.

A minha esperança é na minha luta constante para que as coisas melhorem, sendo dando aula, dando o melhor de mim ou na minha formação, onde estudo para me aprimorar e ser melhor profissional ou ainda na minha militância política.

Porém, enquanto as coisas não mudam, sigo as orientações do meu psiquiatra e "me protejo, me resguardo" daquilo que pode me afetar negativamente.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Páscoa: a escola e o assistencialismo

Um dia desses, em uma aula presencial, estava conversando com um grupo de colegas e relatei como foi a Páscoa na minha escola.

Contei às colegas que minha escola tem crianças com uma realidade sócio econômica muito difícil, que a escola está localizada em zona de conflito de tráfico e que os alunos são bem humildes (economicamente falando). Pensando nisso, fiz os ninhos de Páscoa com os alunos e arrecadei doces (balas, bombons, pirulitos e etc) com amigos e familiares para rechear as cestas.

As cestas ficaram bem cheias e os alunos adoraram. Sei que para muitos deles, este será o único doce que irão ganhar do coelhinho.






Então uma colega que ouviu minha história disse que, apesar de comovida com o meu relato em relação aos meus alunos, achava que isso não era função da escola. Que isso era assistencialismo e que escola não é lugar disso. Que a escola está abraçando funções que não são suas. Disse que no lugar de fazer o papel de assistentes sociais, psicólogas e etc., devemos lutar para que existam estes profissionais dentro das escolas. E não fazer o papel deles.

A fala desta colega me deixou pensativa... Concordo em partes com o que ela disse. Claro que escola não é lugar de assistência social. Concordo que a escola está abraçando funções que não são suas obrigações. Claro que a escola deveria estar mais bem equipada com profissionais de áreas como assistência social e psicologia. E é mais claro ainda que devemos lutar para que tais profissionais estejam nas escolas.

Mas a minha pergunta é: o que fazer até lá?

Será que eu conseguiria passar meu domingo de Páscoa com minha família, numa casa confortável e comendo chocolates a revelia, sabendo que meus alunos estão em uma situação totalmente diferente da minha, numa casa sem recursos materiais, em lares desestruturados e assistindo aos comercias de ovos de Páscoa na TV som terem um docinho sequer para comer???

Será que eu sou muito sensível ou o mundo está muito embrutecido e as pessoas não conseguem se consternar diante de uma realidade dessa?

Sinceramente, não sei....

terça-feira, 2 de maio de 2017

Que tipo de professor você é?

Sigo duas páginas no Face Book muito interessantes sobre educação. São elas:

Professora Sincera: https://www.facebook.com/professorasincera/?fref=ts
Professora Indelicada: https://www.facebook.com/professoraindelicada01/?fref=ts

Ambas páginas tratam de assuntos pertinentes à rotina escolar e das dificuldades da vida dos professores com muito humor e uma pitada de sarcasmo. Muitas vezes trazem assuntos sérios sobre políticas públicas relacionadas à educação e acabam promovendo debates interessantes com professores de todo o Brasil.

A imagem abaixo é para descontrair um pouco a rotina dos professores:


Então deixo a pergunta: que tipo de professor você é? Hehehehe

No momento acho que estou uma mistura de Prof sem grana com Profa Rivotril... E você???

Jogo da Memória das Vogais


 Muitas vezes a "desculpa" para não trabalhar com jogos em sala de aula é a falta de tempo e de materiais de confeccioná-los.

Pois bem, em sala de aula mesmo, confeccionei um jogo da memória sobre as vogais.

Imprimi 5 cópias desta folha abaixo e colei no papel da caixa de leite.







As regras do jogo sãs as seguintes:

Número de participantes:cinco alunos

Cada aluno sorteia uma vogal para si. As fichas com as figuras ficam no centro da mesa. Cada aluno, na sua vez, vira uma ficha. Deverá encontrar as fichas que contém figuras cuja a letra inicial seja a vogal que sorteou no início do jogo.

Quando o jogo termina, os alunos trocam entre si as vogais que sortearam e o jogo recomeça.

Semana passada os alunos jogaram este jogo da memória e gostaram bastante. Foi bem legal, pois aqueles que já sabiam as vogais ensinavam aqueles que ainda não aprenderam.

Foi um jogo fácil e muito barato de construir.









Aulas de História no E.M.: um novo desafio

Minha formação é nível médio com habilitação Magistério (Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental) e graduação em Licenciatura Plena em História. Porém sempre atuei com os "pequenos" (educação infantil e anos iniciais). Justamente por isso optei por fazer esta nova licenciatura em Pedagogia, para me especializar mais na área em que atuo desde sempre.

Porém este ano surgiu a oportunidade de lecionar História para o Ensino Médio e uma turma de sétimo ano do fundamental. A princípio tentei de todas as formas "fugir" dos maiores. Não por medo de dar aula para o ensino médio, mas por estar mais focada nos anos iniciais do E.F. Contudo, não consegui uma turma de CAT na minha escola e tive que aceitar o desafio.

Não achei difícil, como costumo dizer sempre, o curso de Magistério te ensina a dar aula "até debaixo da água", então até então está indo tudo bem, apesar de considerar a minha escola muito desorganizada e descomprometida, o que acaba refletindo no meu trabalho de forma negativa.  Porém, venho me esforçando e tentando fazer o meu melhor. O curso de PEAD tem me ajudado bastante.

Ao entrar na sala de aula, munida apenas de livros didáticos de qualidade duvidosa e três canetas de quadro branco, diante daqueles jovens tão desinteressados nos estudos, trancados naquela sala de aula com poucas lâmpadas funcionando, uma porta que não fecha, sem cortinas e com mesas pichadas penso: de que maneira vou convencê-los da importância que é estudar. Ainda mais o conteúdo de História que é visto sempre como menos importante que Português e Matemática e é menos divertido que Educação Física.

Não estou escrevendo esta postagem para dizer que descobri qual é a receita mágica que desperta a atenção dos alunos, simplesmente porque ainda não descobri qual é esta receita. Diante de uma realidade escolar tão difícil, para mim cada dia tem sido um desafio e qualquer 10 minutos que consigo de atenção da turma é um desafio.

Há alguns dias, parei todo o conteúdo para conversar com a turma. Não queria que minha fala soasse com um sermão (tomara que não tenha soado assim), mas salientei que nos dias atuais, diante do sucateamento da educação, da desvalorização do professor, da falta de atenção e políticas públicas para a juventude, que é tratada pelo governo apenas como futura mão de obra, o maior ato de rebeldia que um jovem pode ter é estudar. Pois é justamente isso que os governantes não querem que a juventude faça: estudar.

Diante da minha fala, pude perceber uns 3 ou 4 pares de olhos que se encheram de brilho dentro de uma turma de quase trinta alunos. É por estes 3 ou 4 pares de olhos e pela esperança que os outros também se encham de esperança que eu ainda persisto, ainda luto, ainda tento dar o melhor de mim dentro de sala de aula, apesar de todas as adversidades.

domingo, 23 de abril de 2017

P.A.s na minha realidade escolar: será possível???

"Estudar as teorias de aprendizagem e perceber a distância absurda que existe entre elas e as práticas pedagógicas nas escolas dói... Dói muito..."

No dia 16 de abril fiz este desabafo na minha página do Facebook. Estava, como geralmente estou aos domingos, sentada em frente ao meu note em casa realizando as tarefas e leituras do PEAD e lendo sobre os Projetos de Aprendizagem e a Interdisciplinaridade,  comecei a lembrar da minha escola e a total falta de condições para que tais teorias sejam aplicadas na prática.

Pode parecer um exagero, uma desculpa para não se desacomodar e colocar me prática novas teorias. Mas não é.

A biblioteca da minha escola está desativada por falta de funcionário. Bem como o laboratório de informática, laboratório de ciências, sala de artes... Etc.

Não há serviço de portaria ou segurança. A escola fica aberta constantemente e, muitas vezes, pessoas estranhas ou de índole duvidosa circulam livremente pelo ambiente escolar.

Não há monitores nos corredores, constantemente os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental estão matando aula ou fazendo algazarra pelos corredores. Estes dias, até andar de bicicleta pelos corredores eles estavam.

Não posso levar meus alunos para o pátio haja vista que o mesmo está com um buraco na cerca, que permite pessoas estranhas entrarem na escola ou os alunos saírem. O mato também está alto e eu tenho medo de que haja sujeira ou animais. Além disso, a escola se encontra em zona de conflito de traficantes, então os tiroteios são constantes.

Então, me questiono: como aplicar as teorias que aprendo no PEAD em sala de aula?

Não discordo da eficiência dos P.A.s, porém me sinto angustiada, perdida, ... Pois não consigo vislumbrar de que maneira vou trabalhar na minha escola...

domingo, 16 de abril de 2017

Sou professora porque...

Certa vez, conversando com um grande amigo e, também colega professor, ele me disse que foi questionado em uma reunião pedagógica de sua escola sobre porque ele era professor.

Ele me relatou que respondeu que era professor porque considerava-se pesquisador, pois acreditava que a docência anda sempre junto com o trabalho de pesquisa.

Em outro momento, ouvi de algumas colegas professoras que diziam amar sua profissão pois "gostavam muito de crianças".

Concordo com as duas afirmações que citei, porém, no meu caso, acrescento mais coisas.

Eu sou professora não porque gosto de crianças, mas sim porque gosto de infância. Esta peculiar fase da vida e seu processo de desenvolvimento é muito interessante para mim. Se eu gostasse somente de crianças, eu seria babá ou recreacionista infantil.

Além de gostar de infância, também tenho gosto pela pesquisa, conhecimento, arte, cultura em geral. Oras, a única profissão que une tudo isso é o magistério, logo isso explica em parte minha escolha profissional.

Porém, além de tudo isso, um eterno espírito inquieto e um forte sentimento de esperança numa sociedade mais justa, humana e igualitária sempre me acompanharam, desde meus primeiros pensamentos críticos.

Logo, se um dia for questionada sobre por que sou professora, não posso ter outra resposta a não ser esta:

Sou professora porque sou revolucionária.