sábado, 1 de julho de 2017

Eu professora, eu aluna...

Muitas vezes quando olho meus alunos, acabo lembrando de mim mesma na idade deles: tão jovens, tão abandonados pelas políticas públicas deste país, oriundos de lares desestruturados, cada um com uma dor, uma angústia tão suas e muitas vezes a escola é o único lugar que pode lhes acolher, lhes ouvir.

Como era a minha primeira aula na turma de primeiro ano do Ensino Médio da nova escola para qual leciono os conteúdos de História e Geografia, não estava com uma aula planejada pois não sabia quais conteúdos eles já haviam estudado. Diante disso, comecei a sondar os conteúdos que já estudaram neste ano e fazer uma pequena revisão. 

Feito isso, ainda estava sobrando tempo de aula. Comecei uma conversa informal, tentando conhecer um pouco daquela turma e estabelecer vínculos. Perguntei-lhes quem já havia ido em algum museu. Algumas mãos se levantaram. Perguntei quem havia levado eles ao museu. A maioria daqueles que haviam levantado a mão responderam: a escola.

Então perguntaram: "existe mais algum museu em POA além do da PUC?"

Naquele momento voltei uns 20 anos no tempo e me vi sentada numa sala de aula bastante depredada num dia quente de verão em que o único ventilador da sala girava lentamente sem conseguir dar conta de refrescar aquele ambiente. Na minha frente havia um professor cheio de boa vontade, se esforçando ao máximo para cativar aquela turma tão cheia, lotada de pré adolescentes cheios de energia, com calor e que se distraiam com facilidade. Lembro que aquele professor me levou a um museu. E que se não fosse aquele professor, eu nunca teria ido a um museu, minha família nunca teria me levado e, sozinha, eu nunca descobriria a importância e a maravilha de frequentar um museu.

Respondi, então, ao questionamento da minha aluna, que haviam muitos museus em POA e que eram abertos para visitação ao público gratuitamente. Falei do Santander Cultural, do MARGS, do Memorial do RS, da Casa de Cultura Mário Quintana, do Museu do Trabalho, do Museu José Joaquim Felizardo e tantos outros existentes em POA e que são públicos ou de visitação gratuita e que podem e devem ser aproveitados pela população.

Acredito que uma das funções da escola é esta, a de mostrar o novo, o diferente,aquilo que os jovens não tem, acesso ou não sabem que tem acesso. E quando lembro daquele professor que me ensinou o caminho dos museus e a importância da História, da cultura e da arte, lembro o quanto isso foi importante na minha formação. Quer, e devo, fazer o mesmo que este professor fez por mim aos meus alunos.

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