domingo, 10 de julho de 2016

O respeito ao professor

No início do mês de maio comecei a trabalhar com uma turma de terceiro ano. Esta turma passou cerca de um mês sem professora porque a antiga professora pediu para trocar de escola pois não soube como lidar com os graves problemas de indisciplina que a turma apresentava.

Aceitei o desafio e encarei ficar com aquela turma (como boa ariana que sou, nunca nego um desafio). Porém, confesso, não tem sido fácil. Os problemas da turma são realmente muito sérios e é muito difícil trabalhar com eles. Durante estes dois meses eles apresentaram muitos avanços, porém cada dia é uma batalha.

Então surgem muitos questionamentos na minha cabeça, mas o que mais martela ultimamente é: "qual foi o momento exato em que o papel professor perdeu totalmente o respeito?"

Até o início do século passado, o papel do professor era visto como de autoridade e respeito. Muitas vezes, o professor era autoritário e a educação era excludente com aqueles que não aprendiam conforme o professor ensinava (era o aluno que devia se adaptar ao modelo de ensino e não havia possibilidade de variar a metodologia de ensino para atingir um número maior de alunos).

Claro que este modelo de professor estava errado. Gerava exclusão e tolhia a liberdade e autonomia dos alunos.

Logo começou a ser repensado por vários teóricos, passando pelos escolanovistas e o Manifesto dos Pioneiros.

Nos anos 70 e 80 teóricos como Paulo Freire falam em "amor" e "boniteza" no ato de ensinar, afim de construir um professor mais próximo ao aluno e sua realidade.

Em 1996 é recriada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional à luz destas novas concepções de educação. O texto da nova lei trata do acesso universal e obrigatório à educação e esta como sendo obrigação do poder público.

Respondendo a pergunta que lancei inicialmente, acredito que na troca destes dois modelos de professor os quais vamos chamar de "rígido" e "amoroso", alguma coisa se perdeu e o respeito pela figura do professor tornou-se cada vez mais escasso.

Respondi, no parágrafo acima, quando o respeito pelo professor se perdeu. Porém há outro questionamento a ser feito sobre este mesmo tema: como este respeito pela figura do professor se perdeu.

E para esta questão eu não tenho uma resposta definida. Talvez com o arrocho dos salários dos professores, que até a década de 1960 era um salário digno e que com o passar dos anos deixou de se-lo. Talvez com o papel da escola que cada vez mais abraça funções que antes eram das famílias como cuidar, educar, ...

Confesso que esta questão eu ainda não sei responder.

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