quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Os locais de fala

Certa vez eu conversava com um amigo, branco como eu, sobre racismo. Tentava convencer meu amigo o quanto nós, pessoas brancas, gozamos de privilégios que as pessoas não brancas não têm.

Meu amigo disse que discordava do termo "privilégio", termo este utilizado amplamente pelos movimentos negros para nomear as benesses que pessoas brancas têm e que as não brancas não têm.

Falei para meu amigo que eu concordava com o termo e que não achava que nós dois (duas pessoas brancas) estávamos em condição de julgar o termo como certo ou errado pois nunca vivenciamos situações de racismo. Sabemos delas pelo que nos é relatado e por mais sensíveis que sejamos, jamais saberemos como é realmente passar por esta situação.

Meu amigo ainda continuou discordando de mim, e discorda até hoje. Encerramos o assunto por ali porque percebemos que nenhum dos dois mudaria de opinião.

Para mim a grande questão é o local de fala. Ou melhor, a importância do local de fala.

Enquanto mulher, não dou direito a nenhum homem dizer o que é ou não uma situação de machismo. Este é o meu local de fala, aquele que não passa pelo que eu passo não tem, a meu ver, direito de opinião, por mais empatia que demonstre ter.

Deixo abaixo dois vídeos muito interessantes que falam um pouco sobre isso: o local da fala. Na medida em que nos vídeos há uma tentativa de troca de papéis, um olhar sensível consegue perceber que só pode falar de racismo ou de inclusão (temas dos vídeos) quem realmente passa por isso.






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