terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Por uma educação antirracista

"Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista." 
Angela Davis

Acredito que seja papel da escola uma educação antirracista. E este "conteúdo" deve ser tratado no cotidiano escolar, não em uma data específica, como o 2o de novembro, como se fosse uma espécie de data comemorativa.

Segundo as Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais do Ministério da Educação o papel da escola é essencial para o fim do racismo, pois é papel da escola:

"Inaugurar um tempo novo, pautado por uma lógica de valorização da diversidade e repúdio à intolerância, é assumir compromisso efetivo com um educação multirracial e interétnica. Contemplar o povo negro, neste propósito, impõe mudar a realidade escolar atual por meio de uma intervenção competente e séria. Inovações temáticas e teórico-metodológicas poderão se implementadas no cotidiano escolar de forma coletiva, gradativa e teoricamente fundamentada" (p. 67)
Neste sentido, quando iniciei meu trabalho na minha turma de 1o ano do Ensino Fundamental no início do segundo semestre do ano passado, fui logo pensando de que maneira trabalharia o tema de uma educação antirracista no cotidiano das atividades das crianças. Iniciei, então, o projeto da "Menina Bonita do Laço de Fita". Apesar de eu considerar este livro uma literatura um pouco batida sobre o tema, resolvi utilizá-lo por saber que ele é, também, muito bom.

Iniciei o projeto contando a história às crianças e realizando algumas atividades, como estas:

Após trouxe para sala de aula uma boneca de pano negra caracterizada como a menina da história. Trabalhei com a turma com a boneca: escolhemos um nome para ela (Isabela), demo-lhes uma bolsa com um pijama e um diário. Iniciou assim a história da Isabela na nossa turma.
As crianças adoraram a companhia da Isabela em sala de aula, ela tinha uma classe só para ela:
Isabela acompanhava a turma no refeitório:
E também nas brincadeiras no pátio:

Todas as sextas-feiras um dos alunos era sorteado para levar a Isabela para casa para passar o final de semana. Deveria relatar o diário como foi o final de semana da Isabela com ele. Nesta foto, Cristiano está abraçado na Isabela, muito feliz porque a levaria para casa:
Esta atividade foi bastante válida, pois foi uma forma de trazer uma protagonista negra para a sala de aula. A partir da presença de Isabela no nosso cotidiano, muitas questões foram debatidas entre as crianças, tais como: a existência, ou não, de um "lápis cor de pele", a estética negra, a origem da cor de pele das pessoas, etc. Porém o ponto que eu achei mais positiva foi o reconhecimento positivo de uma estética negra.
Como as crianças andavam por todo o espaço escolar com a boneca, a questão do racismo era pauta recorrente entre alunos de outras turmas ou até mesmo entre professores e funcionários da escola.





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